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Florence, Antonio e Xavier Bueno: retrato duplo

De 21 de maio a 25 de setembro de 2016, a Villa Bardini, em Florença, recebe uma grande exposição capaz de refazer, paralelamente, toda a trajetória artística dos dois irmãos Bueno.

Florence, Antonio e Xavier Bueno: retrato duplo

A resenha reúne 120 das obras mais significativas da produção dos dois pintores de origem espanhola. O maior núcleo é representado por aqueles concedidos pelos herdeiros aos quais se somam empréstimos de importantes museus, fundações de prestígio e colecionadores particulares com várias obras inéditas.
O projeto segue as iniciativas bem-sucedidas realizadas na Villa Bardini em torno das figuras de Pietro Annigoni e Gregorio Sciltian e fecha o estudo diligente (enriquecido também pela monografia sobre Alfredo Serri) sobre a intrincada e breve experiência do Grupo de Pintores Modernos da Realidade ( 1947-1949).
O catálogo da exposição – Edizioni Polistampa – contém contribuições de Susanna Ragionieri, Giorgio Bedoni e uma introdução de Philippe Daverio, presidente honorário da Associação Bueno Cultural com sede em Florença.
A exposição celebra e documenta a história criativa e humana de duas personalidades complexas dedicadas à mais autêntica prática pictórica que, com originalidade, souberam abordar o animado ambiente cultural florentino a partir dos anos quarenta, ganhando-se em um longo e atormentado caminho de crescimento e adaptação estilística, protagonista no panorama artístico italiano da segunda metade do século XX.
Tendo como pano de fundo as profundas mudanças culturais ocorridas no animado pós-guerra, marcado pela antinomia entre vanguarda e figuração, a investigação explora, pela primeira vez, a simbiose existencial entre os dois irmãos, destacando, por um lado, , os pontos de tangência em delicados mecanismos de influências recíprocas e trocas de influências, sobretudo nos anos de formação e, por outro, as fases de distanciamento e libertação individual que conduziram à respectiva maturidade estilística.
Os irmãos Xavier (1915-1979) e Antonio Bueno (1918-1984) chegaram à Itália nos difíceis anos da guerra, após uma infância passada em Berlim, Genebra e Paris seguindo o pai jornalista, e chegaram a Florença em 1940, motivados pelo estudo do extraordinário patrimônio artístico renascentista da cidade. Mas o que deveria ter sido uma estadia curta e temporária transformou-se, para ambos, em uma experiência de vida definitiva e abrangente, pois passaram o resto de suas vidas na capital toscana.

O ingresso para a exposição permitirá aos entusiastas da arte mergulhar no parque naturalista e arquitetônico do Jardim Bardini, um dos lugares mais fascinantes de Florença, de cujo mirante você pode desfrutar de uma vista espetacular da cidade. São quatro hectares de bosque, pomar e jardim plantados com rosas, íris, além de hortênsias e outras plantas ornamentais, em contato com as muralhas medievais de Florença.
O "Jardim dos três jardins", segundo a definição do antiquário Stefano Bardini, último proprietário privado, possui um bosque de estilo inglês, uma escadaria barroca e um parque agrícola, e configura-se como uma eclética estratigrafia de usos e gostos, de modas e usos. São cerca de duzentas peças entre as estátuas e vasos pesquisados, além das pequenas arquiteturas, fontes e móveis de pedra, que agora voltaram à sua antiga glória, após uma cuidadosa restauração que durou cinco anos.
Entre os serviços, destaca-se ainda um restaurante de grande qualidade que garantirá ao visitante uma maior e mais agradável utilização do próprio jardim.

O Jardim Bardini. Uma pequena história
A história do Jardim Bardini é paralela à de Florença.
A primeira fase da área verde Bardini remonta à Idade Média e tem como protagonistas a riquíssima família Mozzi que, já no século XIII, era proprietária de inúmeras casas e terrenos, incluindo o chamado "monte de Montecuccoli", onde o Jardim agora se estende.
Os altos e baixos da propriedade, dividida ao longo dos séculos em duas parcelas, encontram uma síntese em 1839, quando a família Mozzi reúne as duas partes. No entanto, durante o século XIX, o jardim entrou em declínio inexorável devido às dificuldades económicas da família. Em 1880 o complexo, agora em estado de abandono, foi expropriado ao último herdeiro da família Mozzi e adquirido pelos príncipes Carolath von Beuthen, que serão seus proprietários até 1913, dotando o jardim de elementos de estilo vitoriano.
No início do século XX, portanto, a propriedade passou da família von Beuthen para Stefano Bardini que, logo após a compra, renovou todo o complexo para adequá-lo às suas necessidades representativas, dando-lhe um estilo ainda mais eclético do que já era. tive.
O jardim, enriquecido por elementos decorativos de várias procedências montados com o gosto típico do colecionador que nada exclui, torna-se assim um labirinto de armadilhas para o apreciador de arte que tem dificuldade em distinguir os materiais verdadeiros dos falsos, as remontagens com inserções modernas de as obras autênticas.
A construção de uma avenida para chegar à vila e a consequente demolição dos jardins murados, a unificação dos edifícios na costa de S. Giorgio e a construção de uma loggia no Belvedere, inserida entre os dois pavilhões da antiga Kaffehaus, são algumas das mudanças mais evidentes desejadas pelo antiquário Bardini, naquela que era a estação mais intensa do jardim.
Em 1965, com a morte do filho de Stefano Bardini, Ugo, iniciou-se um longo e complicado processo burocrático referente à herança, que só terminou em 2000 com o interesse da Ente Cassa di Risparmio di Firenze, através da Fondazione Parchi Monumentali Bardini Peyron, que atualmente administra a propriedade.

A exposição, intitulada RETRATO DUPLO – Antonio e Xavier Bueno. Contrapontos à realidade entre vanguarda e figuração, com curadoria de Stefano Sbarbaro, é promovida pela Bardini and Peyron Monumental Parks Foundation e pela Ente Cassa di Risparmio di Firenze em colaboração com a Bueno Cultural Association.

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