A defesa do euro e o relançamento da Europa contra o Brexit e todos os populismos, internos e externos ao Velho Continente. Este será o leitmotiv do duplo encontro no topo da Europa que se realiza hoje em Berlim e Londres.
Na capital alemã, será marcado o encontro entre a chanceler Angela Merkel, que segue como favorita nas próximas eleições gerais mesmo tendo que lidar com a crescente popularidade do candidato social-democrata Schulz, e o presidente do BCE, Mario Draghi, será uma oportunidade para reforçar o eixo que até agora permitiu defender o euro através da autonomia do Banco Central e apoiar a Europa face a todos os populismos (de Trump a Le Pen) e aos riscos de desintegração da UE depois Brexit. Draghi, que repetidamente encurralou os falcões alemães (do Schaeuble ao Bundesbank) também graças ao consentimento silencioso do chanceler, que tornou possível o lançamento do QE, foi peremptório outro dia quando disse que, com os tratados europeus em mãos, “o euro é irrevogável”.
A outra cimeira de hoje em Londres será tudo menos rotineira, onde a primeira-ministra Theresa May receberá no dia seguinte o primeiro-ministro, Paolo Gentiloni, que tentará compreender melhor o roteiro britânico rumo ao Brexit, até agora bastante obscuro. da votação na Câmara dos Comuns que autoriza a própria May a negociar com Bruxelas a saída da União Europeia. Gentiloni, em tom diplomático mas claro, fará May entender que Londres não pode esperar descontos no mercado único depois de bater a porta e que a ameaça de criar um paraíso fiscal modelo de Hong Kong é uma arma descarregada se não houver mais atrás dela a Europa. Mas nosso primeiro-ministro também pedirá garantias para os italianos que moram, estudam ou trabalham na Inglaterra.