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Cavazzuti: "Dívidas demais para empresas italianas"

Segundo Filippo Cavazzuti, ex-comissário do Consob e vice-presidente interino do Banco di Napoli, a dívida das empresas não financeiras italianas, 4 pontos percentuais acima da média europeia, deve ser enfrentada com um novo pacto entre bancos e empresas: cada investimento deve ser financiado 25% pelo empresário e 75% pelo banco.

Cavazzuti: "Dívidas demais para empresas italianas"

É uma opinião generalizada e partilhável que a chamada tempestade financeira perfeita dos últimos anos começou no financiamento privado (especialmente nos países anglo-saxões cuja legislação é de origem common law em comparação com os países mais estáveis ​​da área do euro que tem origem civil law), depois passou para o setor real da economia e depois para o campo da dívidas soberanas.

Como podemos observar diariamente, o debate hoje é exclusivamente sobre os desafios que os governos têm de enfrentar para restaurar suas finanças públicas. Em vez disso, observo que, afligido por uma memória pobre de eventos passados, muitos ignoram os desafios enfrentados pelos balanços corporativos do setor privado, com exceção das empresas financeiras que são solicitadas a aumentar sua dotação de capital para enfrentar dívidas inadimplentes passadas e futuras: ou (com subavaliação suave) empréstimos inadimplentes (passados ​​e futuros) de empresas privadas crescidas no passado e talvez também destinado a crescer no futuro.

É, pois, legítimo questionar se as empresas não financeiras (e os seus empresários) estão isentos de impugnação, ou se, por outro lado, os seus balanços também tiverem de enfrentar desafios impermeáveis ​​de forma a contribuir para a construção de um sistema financeiro estável e duradouro ao longo do tempo. Como recorda o BIS (81 Relatório e Contas, p. 12-13) "A estabilidade financeira pressupõe uma correcção dos balanços (...) das sociedades não financeiras" (e que) "de modo a manter e recuperar a confiança dos mercados , uma redução adicional da alavancagem financeira".

A este respeito, as pesquisas do Banco da Itália para 2009 (Relatório Anual 2010, p. 174) indicam que o saldo negativo das empresas não financeiras italianas ultrapassou a cifra de 2.000 bilhões de euros. Este número, atualizado com estimativas de Prometéia (Relatório de janeiro de 2012, pág. 103) poderá atingir os 2.100 mil milhões de euros em 2014. Globalmente, a necessidade financeira aumentou significativamente, passando de 26 para 54 mil milhões entre dezembro de 2009 e dezembro de 2010, podendo chegar a um valor de 86 mil milhões em 2014 (Prometeia p. 103), Conclui-se, portanto, que "o grau de endividamento permanece em patamares historicamente elevados: a alavancagem, igual à relação entre as dívidas financeiras e sua soma sobre o patrimônio líquido a valores de mercado, é elevada em mais de um ponto, para 46,8 por cento. No final de 2010, as empresas italianas tinham uma alavancagem mais de 4 pontos percentuais superior à média da zona euro e cerca de 12 pontos superior à dos Estados Unidos (Bank of Italy, p. 175).

Se é, portanto, verdade e também apropriado que no futuro governos terão que reduzir o tamanho de suas dívidas públicas, parece igualmente adequado que as empresas não financeiras também procedam à redução do stock das suas dívidas para que o rácio entre o crédito privado e o PIB regresse também a níveis que tornem as próprias empresas menos vulneráveis ​​face a choques externos mesmo modestos.

Já se disse que o financiamento dos investimentos empresariais deveria ter respondido à seguinte composição: um terço com lucros retidos, um terço com amortizações, um terço com capital de terceiros. Hoje parece poder-se dizer que os investimentos são financiados um terço por co-dívidas, um terço por outras dívidas e um terço por outras dívidas. Daí a grande vulnerabilidade das nossas empresas que, comparativamente a outros países, mostram que o peso da dívida com maturidade inferior a doze meses é superior: a dívida de curto prazo representa 37 por cento do total, contra 28 por cento do total.área do euro.

Bem, você sabe disso As empresas italianas sofrem de nanismo também devido ao efeito do estatuto dos trabalhadores (o famoso art.18) que não abrange empresas com menos de 15 empregados. O que leva muitos empresários a se esconderem abaixo desse nível, quando muito em um aglomerado de miniempresas de propriedade do próprio empresário ou de sua família. Este aspecto também deve ser levado em consideração para permitir que as empresas cresçam em tamanho e, assim, se fortaleçam financeiramente.

Infelizmente também é bem conhecido o relutância de nossos empresários em investir “suas coisas” em seus negócios (muitas vezes preferem as propriedades familiares, se é que alguma coisa deve ser registrada em nome de seus filhos), alegando supostas desvantagens fiscais, que a introdução do ACE pelo governo Monti tenderia a reduzir (o DIT-Dual imposto de renda do governo Prodi teria sido melhor). Resta a dúvida se este instrumento é capaz de reduzir significativamente a desalavancagem das empresas italianas.

É razoável supor que a concentração da riqueza líquida nas mãos de 10 por cento das famílias italianas (que possuem 45,9% com um índice de concentração de 62,4%. Fonte Banco da Itália) também sejam famílias de empresários. Em caso afirmativo, em comparação com (ou em conjunto com) ACE melhor seria a previsão de uma condição contratual explícita que preveja que para obter crédito bancário, por cada euro solicitado ao banco para novos investimentos, o empresário deve contribuir para o risco do negócio com uma parte das "suas coisas" igual, por exemplo, a 25 por cento do que é pedido. Assim, 75% do risco do negócio ficaria na liderança do banco e 25% na liderança do empresário que, assim, seria estimulado a buscar projetos inovadores capazes de remunerar o capital investido e fazer seu negócio crescer ( também para além da fasquia dos 15 trabalhadores, devendo ser revista por novos acordos no mercado de trabalho) num contexto de maior solidez financeira e redução da alavancagem financeira exigida pela estabilidade dos sistemas financeiros ainda por alcançar. E assim também a relação entre o crédito privado e o PIB, que cresceu anormalmente e foi uma das causas da crise, poderá voltar a valores mais aceitáveis ​​e menos prenúncio de novas tempestades financeiras.

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