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Bolsas: Milão na tempestade (-6%). Os bancos quebram, a América derruba todas as listas

O índice Ftse Mib caiu abaixo do limiar psicológico de 15 mil pontos – A sessão na Piazza Affari foi caracterizada por várias suspensões e colapso de ações industriais, como Fiat, e ações bancárias – Os outros centros financeiros europeus também vão muito mal – Novo recorde para o ouro, a 1816 dólares a onça – spread entre BTP e Bund sobe para 292 pontos base

O pesadelo da recessão está se tornando cada vez mais concreto e a corrida por ativos portos-seguros é desencadeada: o ouro atinge um novo recorde em 1.829,4 dólares por onça, os rendimentos do Tesouro de dez anos caem abaixo de 2% pela primeira vez enquanto o spread entre o Btp e o bund sobe para 292 (para depois voltar ligeiramente para 286). E o patrimônio é vendido, fazendo com que as cotações despenquem: mais um dia dramático é assim consumido nas bolsas europeias.
O Ftse Mib fechou no pico de 6,15% abaixo do limiar psicológico dos 15 mil pontos aos 14970,42 pontos, com um crash que custou mais de 20 mil milhões de capitalização. O Dax cai 5,82%, o Ftse 100 4,49%, o Cac 5,48% e o Ibex 4,70%. A pressão na Europa aumentou após a abertura de Wall Street em baixa: -1,5% do Dow Jones, -1% do S&P em 1%, -3% do Nasdaq. Os índices americanos então ampliaram suas perdas e agora o Dow Jones caiu 3,54% e o Nasdaq 4,03%.
As vendas bateram sobretudo nas ações cíclicas, as mais atingidas em caso de recessão, mas as vendas voltaram também aos bancos, com o Socgen francês a regressar à mira, a registar uma quebra de 12,34%. Existem muitas causas que desencadearam o colapso. Pela manhã, começam as quedas na esteira da revisão das estimativas de crescimento global do Morgan Stanley, que afirma: a economia global "está perigosamente perto da recessão". E que à tarde, em reportagem sobre a zona do euro, aumenta a dose sobre a Itália ao prever uma contração de 2012% do PIB para 0,3. O descontentamento pela dupla Sarkozy-Merkel também tomou conta, que após dizer não aos Eurobonds congelou os mercados financeiros europeus com a Taxa Tobin, (que penaliza as ações e listas mais expostas à negociação como a LSE e a Deutsche Borse) e colocou apresentar a proposta de vincular os fundos da UE à redução do défice. Acrescente-se a isso as disputas internas dentro do Fed, onde a oposição de alguns banqueiros centrais continua à linha de Ben Bernanke de manter as taxas próximas de zero até 2013.
E é dos EUA que explodem novos receios sobre a liquidez dos bancos europeus. O Fed, escreveu o Wall Street Journal, está intensificando as investigações nas filiais americanas de bancos europeus para testar sua capacidade de se refinanciar. Depois, há a longa lista de resultados econômicos que frustraram as expectativas: o seguro-desemprego cresceu mais do que o esperado; a inflação subiu mais do que o esperado (+0,5% em julho); o índice do Fed da Filadélfia caiu para -30,7 em agosto, o pior valor desde março de 2009. Números selados pelo número um do Fed de Nova York, William Dudley, que afirmou: “O risco é chegar a um ponto sem retorno ao pré -situação de crise”. O petróleo cai para 85 dólares o barril na abertura em Nova York (-2,9%) enquanto o euro perde terreno em relação ao dólar abaixo de 1,44.

A GENTE INDUSTRIAL CAI NA PRAÇA AFFARI
VENDAS NA GALÁXIA AGNELLI

Na Piazza Affari, a sessão foi caracterizada por várias suspensões e pelo colapso das cotações das ações industriais. As quedas foram lideradas pelo setor automobilístico com títulos da galáxia Agnelli. A Fiat Industrial saiu de campo com 13,31% enquanto a Fiat 11,88% acelerando a queda dos últimos dias pressionada não só pelos temores de recessão como também pelos dados de vendas no Brasil. Exor cai 9,08%. Stm (-9,36%) e Finmeccanica (-9,32%) também fecharam com fortes quedas. Os estoques de construção também caíram: Buzzi Unicem fechou em baixa de 8,09% e Impregilo de 8,66%.

AS VENDAS FINANCEIRAS ESTÃO DE VOLTA
UNICREDIT RETORNA MENOS DE 1 EURO

Enquanto a proibição de venda a descoberto imposta pelo Consob na última sexta-feira ainda está em vigor, as vendas nos bancos estão de volta em linha com o resto da Europa. Em Milão o mais atingido é o Intesa Sanpaolo (-9,26%) enquanto o Unicredit perde 7,41%. Entre as piores ações também a Fondiaria Sai com queda de 12,35%.

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