"Eu sou um berlinense”: Eu sou de Berlim. Esta frase foi proferida há 57 anos por John Fitzgerald Kennedy: Era 26 de junho de 1963, e o presidente dos Estados Unidos estava em visita oficial a Berlim Ocidental, efetivamente um enclave da Alemanha Ocidental no meio do território controlado pelos soviéticos. Essa sequência de quatro palavras logo se transformou em uma das declarações mais famosas e icônicas de JFK, que apenas cinco meses depois seria baleado na cabeça nas ruas de Dallas, Texas.
Quando Kennedy chegou em solo alemão, o muro de Berlim existiu por pouco tempo: as autoridades da Alemanha Oriental o haviam mandado construir de surpresa menos de dois anos antes para interromper o movimento em direção ao bloco ocidental (mesmo que o motivo oficial fosse impedir a entrada de espiões e agentes do Ocidente). Na época, os EUA haviam sido acusados de não terem respondido com força suficiente ao levantamento da barreira, então em 25 de julho de 1961 JFK foi forçado a esclarecer que os EUA sempre defenderiam Berlim Ocidental, mas também que não era possível desafiar a presença soviética na Alemanha.
A visita e o discurso de 1963 visavam precisamente reafirmar o compromisso americano com Berlim Ocidental, onde grande parte da população vivia com medo de uma invasão iminente. As palavras do presidente americano soaram como um ato de desafio à URSS, mas na realidade sancionaram o inevitável reconhecimento do status quo: Pela primeira vez, os Estados Unidos reconheceram oficialmente que Berlim Oriental fazia parte do bloco soviético junto com o restante da Alemanha Oriental.
Naquele dia, 57 anos atrás, olhando da varanda da Prefeitura de Schöneberg, na Rudolph-Wilde-Platz, Kennedy disse:
“Há dois mil anos, o maior orgulho era poder dizer civís romanus sum. Hoje, no mundo livre, o maior orgulho é dizer Eu sou um berlinense. Todos os homens livres, onde quer que vivam, são cidadãos de Berlim e, portanto, como homem livre, tenho orgulho das palavras Eu sou um berlinense".
Diz-se que JFK teve a ideia de dizer essa frase último momento. Enquanto subia as escadas da prefeitura, ele pediu a seu intérprete que traduzisse "sou um berlinense" para o alemão para ele. E ele anotou a pronúncia em um pedaço de papel. Palavras que ficaram e permanecem na história.
