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Abravanel e D'Agnese: "Escolher escola, encontrar trabalho"

“O recreio acabou: escolher a escola, encontrar trabalho” : cortesia da editora Rizzoli e dos autores publicamos a introdução do novo livro de Roger Abravanel e Luca D'Agnese – “Hoje o desemprego na Itália é dramático, mas mais de 300.000 jovens encontram trabalho todo ano”: o problema é escolher os estudos certos

Abravanel e D'Agnese: "Escolher escola, encontrar trabalho"

Hoje, na Itália, o desemprego é um problema dramático, mas todos os anos mais de 300.000 jovens encontram trabalho após os estudos. Como é possível fazer parte desse grupo de sorte? E como você pode encontrar o emprego "certo"? Antes de tudo, libertando-nos dos muitos clichês e preconceitos que condicionam nossas escolhas. Ao tentar conhecer o mundo corporativo que hoje oferece 70% dos empregos na Itália e que passa com uma rapidez impressionante de um modelo industrial, composto por fábricas e mão de obra especializada na realização de tarefas e procedimentos, para um modelo pós-industrial um, onde os procedimentos são executados por computadores e quem trabalha deve saber interagir com os outros e tomar decisões de forma independente.

Este novo mundo requer novas habilidades, que muitas vezes a escola italiana ainda não consegue treinar. Acreditamos, por isso, que é necessário ajudar os alunos, pais e professores a pensarem de forma diferente, a não se limitarem a estereótipos, a saberem antes de escolher e a terem uma formação adequada. Porque hoje há trabalho, mesmo que muitas vezes nossos jovens não estejam preparados para interceptá-lo. Isto acontece sobretudo porque, ao contrário do que se pensa, as competências exigidas a quem hoje trabalha não são de natureza técnica, especializada ou tecnológica, mas consistem na capacidade de interagir eficazmente com a organização da empresa e com as suas normas.

Isso significa possuir a chamada "ética do trabalho", que significa saber o que fazer e fazer mesmo sem um chefe supervisionando, ser capaz de resolver problemas e interagir com os outros. São as soft skills, para usar uma língua inglesa muito difundida entre os profissionais. Somente com essas habilidades as empresas poderão aproveitar ao máximo o capital humano, que é a verdadeira fonte de vantagem competitiva em uma sociedade pós-industrial, onde as habilidades das pessoas importam mais do que máquinas e fábricas. A verdadeira razão pela qual, após a crise, o desemprego juvenil na Itália é tão dramaticamente alto é que as empresas não encontram jovens suficientes com essas habilidades.

O currículo escolar, no nosso país ainda mais do que noutros, não está orientado para a formação, não estimula a iniciativa, a interação, a responsabilidade e o espírito crítico dos alunos. Precisamos de um verdadeiro currículo do século XXI e cabe às crianças e seus pais cuidar disso. Isso significa focar na escolha do caminho educacional mais adequado e nos melhores locais para realizá-lo: na Itália existem enormes diferenças entre as várias escolas e universidades, e ainda são poucos os que escolhem de maneira informada. Mas também é necessário ter experiências formativas fora das instituições escolares, no mundo do trabalho ou no voluntariado. Nossa perspectiva poderia arriscar a acusação de "corporativismo", de glorificar o mundo das empresas rebaixando o da escola. Essa acusação decorre de uma visão que julga a escola e a empresa em um suposto plano moral: a escola é "boa" porque é pública, gratuita e essencial na formação dos alunos, enquanto a empresa é "má" porque visa lucrar com explorando os funcionários, o meio ambiente e os consumidores.

Essa perspectiva não é útil, especialmente para quem procura emprego. É verdade, algumas empresas italianas são atrasadas, não respeitam as regras e não contribuem para o crescimento da economia, e nós mesmos denunciamos isso várias vezes. Porém, quem quer começar a trabalhar não pode ignorar e deve se perguntar como pode ser útil para a empresa que o contrata. Quem oferece algo deve entender a fundo o que o outro precisa: é o princípio essencial não só da economia de mercado, mas das relações humanas. Da mesma forma, o mundo da educação deve se perguntar o que seus alunos realmente precisam. Não para rejeitar os valores da cultura e adotar uma atitude severamente utilitária, mas porque a educação, incluindo a educação cultural, deve responder às necessidades da sociedade.

A nossa tese é que para um jovem com a determinação certa, uma atitude positiva (o que os anglo-saxões chamam de atitude capaz) e sólidas competências, mesmo um país com pouco mérito como o nosso oferece hoje uma oportunidade sem precedentes. Desde que, porém, se dê o devido significado ao termo "meritocracia", que significa competição, a busca pela excelência. E, acima de tudo, seja individualmente responsável pelo que faz. Criar álibis é um erro formidável que pode afetar sua vida. Este ensaio está organizado em quatro seções. Na primeira mostramos quais são os preconceitos e clichês que levam a escolhas erradas, aquelas que “fabricam” desempregados. Na segunda descrevemos as mudanças no mundo do trabalho, o impacto que têm nas competências exigidas pelas empresas hoje e na dificuldade dos jovens em encontrar um emprego. No terceiro, analisamos a capacidade das escolas italianas de treinar essas habilidades e encontramos um quadro seriamente preocupante. Por fim, na quarta parte tentaremos dar algumas sugestões para a criação de um currículo eficaz para o século XXI, desde a escolha da escola, universidade, experiências extracurriculares, até a procura de emprego.

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