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Referendo na Grécia, default e Grexit: 3 coisas para saber

O que acontece depois que a Grécia não paga ao FMI: falência e Grexit se aproximam, mas não são inevitáveis ​​– Referendo de domingo: o que votar e o que pode acontecer se vencer o voto Sim ou Não – Os riscos para a Itália, entre o guarda-chuva garantida pelo BCE e o espectro da especulação em agosto.

Referendo na Grécia, default e Grexit: 3 coisas para saber

Hoje é o prazo em que a Grécia deve pagar 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional, mas o acordo com os credores sobre as reformas não foi encontrado e Atenas não tem dinheiro para pagar. O referendo convocado pelo governo Tsipras sobre o acordo proposto pelo grupo de Bruxelas será realizado no próximo domingo. Pouco mais de uma semana depois, a 13 de julho, vencem as dívidas gregas de mais 450 milhões com o FMI, enquanto 20 de julho e 20 de agosto serão os últimos dias para pagar ao BCE respetivamente 3,5 e 3,2 mil milhões de euros. A falência é realmente inevitável? E a saída do euro? Aqui estão algumas coisas que você deve saber para se orientar melhor.

1. A GRÉCIA NÃO PAGA. O QUE ACONTECE AGORA?

A) Fundo Monetário Internacional 
Para o FMI, o não pagamento por parte de Atenas deve desencadear o processo de inadimplência. Mas isso não acontece necessariamente, pelo menos não imediatamente. É provável que o Fundo queira ganhar tempo pelo menos até segunda-feira, quando serão conhecidos os resultados do referendo grego (que, em caso de vitória do voto sim, garantiria a retomada das negociações). Até lá, a Grécia será descrita como "atrasada".
 
Além disso, mesmo que fosse acionado imediatamente, o processo de falência levaria tempo. De acordo com o cronograma oficial, após o não pagamento do empréstimo, o FMI envia ao governo do país em questão um lembrete de pagamento; duas semanas depois, a gestão contacta o gestor do Fundo responsável pelo país em causa e solicita novamente o reembolso imediato; depois de um mês, o diretor-gerente do FMI notifica o conselho da instituição que o pagamento não chegou. E é nesse ponto que ocorre a inadimplência.

B) Agências de classificação
Do ponto de vista das agências de rating, o que se avizinha hoje não é um default, porque não diz respeito aos títulos detidos por credores privados. 

C) Europa
Quando o Fundo Monetário tiver comunicado o não pagamento, o Fundo Europeu de Poupança do Estado EFSF convocará o seu conselho, que poderá escolher entre esperar pela evolução da matéria, congelar a situação sine die ou (mas isto é o menos solução provável) pedem o reembolso imediato de todas as dívidas gregas, que para com o FEEF ascendem a 131 mil milhões. 

2. O REFERENDO. O QUE ESTÁ EM JOGO?

A) Em que você vota?
Em teoria, os eleitores gregos são chamados a opinar sobre a proposta de acordo recebida dos credores internacionais: votam SIM para aceitá-la, NÃO para rejeitá-la. Votar NÃO, portanto, não significa pedir a saída do euro, mas um acordo diferente daquele proposto pelos credores. A nível técnico, porém, não se diz que a falência implica necessariamente o adeus à moeda única, até porque os Tratados não prevêem qualquer procedimento de saída do euro. Por fim, para que o referendo seja considerado válido, será necessário um quorum de 40%.  

B) O que acontece se o sim vencer?
Se a maioria dos gregos votar Sim no referendo, a Grécia aceitará o acordo proposto pelos credores internacionais, ou uma série de medidas a serem adotadas em troca de 15,5 bilhões até novembro (que, no entanto, segundo o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, não seriam suficientes). Tsipras - que faz campanha pelo NÃO - provavelmente escolherá o caminho da renúncia e dentro de um mês o país voltará às urnas para as eleições políticas. O novo Parlamento teria então de aceitar o veredicto do referendo e delegar ao novo governo a assinatura do acordo. Se, ao contrário, não houver novas eleições, a criação de um governo de unidade nacional está se aproximando (por exemplo, com uma aliança entre Syriza, To Potami e Pasok). Tsipras garantiu que a vontade do povo será respeitada. 

C) E se o NÃO vencer?
Difícil prever com precisão as consequências em caso de vitória do não: é provável que a falência chegasse até 20 de julho, os controles de capitais se tornassem permanentes (com limites ao saque de depósitos dos bancos) e o BCE suspendesse os empréstimos emergenciais. A perspectiva de saída do euro tornar-se-ia assim mais concreta, mas, como referimos, o adeus à Zona Euro não seria automático nem necessário.

3. O QUE A ITÁLIA ESTÁ EM RISCO?

Ontem, o ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, escreveu no Twitter que "estão circulando dados errados sobre a exposição direta Itália x Grécia: entre empréstimos bilaterais e garantias (cálculos atualizados do ESM) é de 35,9" bilhões de euros. Em termos absolutos, portanto, nosso país está menos exposto à Grécia do que à Alemanha e à França. Porém, se considerarmos o nível de nossa dívida pública e o baixo crescimento do PIB, somos nós que arriscamos mais. 

Além disso, se a Grécia saísse da moeda única, a Zona Euro perderia o seu elo fraco e os mercados procurariam imediatamente outro para atacar: apesar de ter uma economia muito maior, mais articulada e mais saudável do que a grega, a Itália o primeiro suspeito acabar na mira da especulação augusta de que tanto gostam os fundos anglo-saxões.

Por outro lado, segundo Renzi "a Itália já está fora da linha de fogo". Em entrevista ao Il Sole 24 Ore, o Premier sublinhou alguns pontos a favor do nosso país: “Iniciámos um caminho corajoso de reformas estruturais, a economia está a regressar ao crescimento e o guarda-chuva do BCE está a proteger-nos: três características que tornam esta crise diferente da de quatro anos atrás”. 

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