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Telecom Italia, a aposta contracorrente de Bernabè no desenvolvimento: menos cupons, mais investimentos

O maior grupo italiano de telecomunicações joga a cartada de investimento e desenvolvimento sem perder de vista a dívida mesmo à custa da redução de dividendos - Fique de olho na Itália, mas também na América do Sul - O humor dos mercados e da Telco - Diego Della Valle, grande amigo de Mentana, pense em La7 – A competição do Over the top do Google à Amazon e Apple

Telecom Italia, a aposta contracorrente de Bernabè no desenvolvimento: menos cupons, mais investimentos

Quando você corta dividendos aos acionistas, a Bolsa, que por definição é míope, nunca o aplaude, mesmo que você reduza as dívidas, mas Franco Bernabè, presidente executivo da Telecom Italia, não é um gerente que se deixa assustar pelo emocional reações dos mercados. Sempre o fez e sempre foi contra a maré, desde os tempos da ENI e da OPA da Telecom. Fez o mesmo com o novo plano industrial que lançou na última sexta-feira.

A Piazza Affari reagiu mal, conquistando o título, mas fazendo-o subir em parte no final. Mas Bernabè está convencido de que, no final, o conteúdo do plano contará e que o mercado entenderá. E de fato a lançada pelo número um das Telecom não é uma aposta pequena, que pode ser resumida em quatro palavras pesadas: menos dividendos e menos dívida para mais investimentos para mais desenvolvimento. Aceitar o desafio do crescimento em plena recessão não é pouca coisa, mas a Telecom Italia deve pensar globalmente, de olho não só na recuperação que virá na Itália, mas também na América do Sul, Brasil e Argentina onde o grupo, apesar das infinitas dificuldades, cresce e tem boas perspectivas pela frente.

Para já, Bernabè tem de ter em conta a má disposição dos mercados e dos accionistas de referência da Telco, que certamente não gostam do corte dos cupões. No entanto, ele segue seu próprio caminho e continua o árduo trabalho de reduzir a dívida em mais 2 bilhões, gerada pela infeliz OPA Gnutti-Colaninno e consolidada pela posterior fusão Telecom-Tim, mesmo que o lançamento de um título híbrido de 3 bilhões fará novamente retraçar temporariamente para fortalecer os ativos do grupo sem recorrer a aumentos de capital e sem sofrer downgrades letais das agências de rating. Não esqueçamos que a venda da TI Media também está no horizonte (será discutida novamente no conselho de administração em 18 de fevereiro), para a qual - além das ofertas seguras de Clessidra e Cairo - o avanço final de Diego pode surgir Della Valle, grande amigo do diretor do La7 News, Enrico Mentana. Bernabè não quer vender a única TV de qualidade do cenário italiano e julga insuficientes as ofertas recebidas até agora, mas é o primeiro a perceber que a dívida do grupo também deve ser reduzida dessa forma e estancar a sangria de recursos que o TV sempre absorveu.

Depois, em segundo plano, fica a reorganização da rede que, para além dos aspectos tecnológicos e mercadológicos, pode oferecer à Telecom a oportunidade de desconsolidar parcialmente a dívida. É neste contexto que Bernabè joga a cartada do investimento e do desenvolvimento sem esquecer que os verdadeiros concorrentes de um grande grupo europeu de telecomunicações já não são a France Telecom ou a British Telecom mas sim os Over the top, os gigantes da Internet desde a Google à Amazon, Facebook, Apple e assim por diante que fazem negócios sem investir na rede. “Planejamos – explica Bernabè – 9 bilhões de investimentos na Itália no triênio 2013-5 e 1,3 bilhão por ano no Brasil” porque “queremos continuar o trabalho de modernização das redes fixa e móvel”. Não é pouca coisa, mas para um país muitas vezes resignado e fechado em si mesmo, já é um bom sinal. Rio acima.

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