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Eleições presidenciais francesas: Sarkozy-Hollande, empatado em 27%. A véspera entre as urnas e a eurofobia

Mais do que nunca, o confronto direto entre os dois principais candidatos à cadeira do Eliseu: a última pesquisa mostra-os em perfeita paridade, com 27% das intenções de voto - No segundo turno, segundo o Le Monde, o líder do esquerda: 56% contra 44 – Ex-presidente Chirac surpreenderá em Hollande – ENQUETE: em quem você votaria?

Eleições presidenciais francesas: Sarkozy-Hollande, empatado em 27%. A véspera entre as urnas e a eurofobia

A partir de hoje, isso seria um empate. Depois de tantas ultrapassagens e contra-ultrapassagens, que primeiro viram Hollande fugir, depois Sarkozy se recuperar e, recentemente, o candidato socialista recuperar a vantagem (mesmo nas projeções para o agora certo segundo turno), as pesquisas agora mostram os dois principais pretendentes ao cargo de Presidente da República Francesa correspondiam exatamente.

Segundo a mais recente pesquisa, divulgada nesta manhã pela Ipsos/Business, o presidente cessante Nicolas Sarkozy e o desafiante (e favorito) François Hollande, ambos perderam alguns pontos percentuais de aprovação face às últimas projeções, vendo o 27% das intenções de voto no primeiro turno para cada. No segundo turno, porém, segundo o Le Monde, o candidato da esquerda estaria criando um vácuo: 56% contra 44% do último inquilino do Elysée.

A terceira roda confirma-se não ser nem o centrista Bayrou (que frouxamente foca nos indecisos), firme em cerca de 10% das intenções de voto, nem o candidato de extrema-esquerda Jean-Luc Mélenchon (que foi além da proposta de Hollande, já considerada desproporcional por muitos, a tributar rendimentos superiores a um milhão a 75%: taxa de imposto a 100% acima de 350 euros e pensão aos 60 anos!), estável nos surpreendentes 14,5%: em vez disso, é a filha de art Marine Le Pen, candidata da extrema-direita Frente Nacional, que - como seu pai Jean-Marie fez várias vezes - embaraçou a França com 15,5% dos consentimentos atualmente declarados. Desta vez, porém, o "risco" de uma sensacional promoção ao segundo turno parece ter sido convenientemente frustrado: será Sarko-Hollande, no último suspiro.

Mas como a França acordou cinco dias após a votação? Primeiro, com algumas entrevistas que causam discussão. Muito forte o lançado ontem por François Hollande no Financial Times, o que sugere, no caso cada vez mais provável de uma troca de guarda em Paris, um confronto acirrado entre o novo governo de esquerda e o Banco Central Europeu, acusado por Hollande de não intervir com força suficiente para evitar o calote da Grécia. O líder socialista recordou também o ambiente que acompanhou o triunfo histórico de François Mitterand em 1981, então reeleito sete anos depois: Hollande sente-se pronto para repetir essa façanha e tornar-se no segundo presidente socialista da história da quinta república francesa. O carisma ainda não é o do ex-presidente homônimo, mas já é suficiente para conquistar seu sucessor.

De fato, em entrevista ao Le Parisien, Jean-Luc Barré, biógrafo de Jacques Chirac (presidente de direita de 1995 a 2007 e co-fundador em 2002 com Sarkozy do partido UMP), afirmou que o ex-chefe de Estado já decidiu que ele vai "trair" seu protegido e votar em Hollande.

Certificar que este não é o melhor momento da campanha eleitoral de Sarko são então os alegações de cooperação com o então ditador da Líbia, Muhammar Gaddafi, caíram na cabeça do presidente cessante no livro de verdade de Anne Lauvergeon, ex-número um do grupo nuclear transalpino Areva. Lauvergeon acusa Sarkozy de ter assinado um acordo de colaboração nuclear em 2007 e de ter tentado vender uma ou mais centrais ao coronel líbio por dois mil milhões de euros. Tudo isso, conforme o impecável roteiro pré-eleitoral, foi prontamente desmentido pelo interessado.

O argumento, entretanto, não deveria chocar o eleitorado médio francês: o desafio, como se sabe há meses, se joga inteiramente na crise, no trabalho e sobretudo no papel internacional da França. Deste ponto de vista, o candidato de centro-direita respondeu indiretamente sobre a France Inter à postura dura de Hollande sobre o BCE: Sarko decidiu agora desempenhar o papel de moderador, apelando a um "diálogo sereno" com o banco continental. Assim, enquanto a esquerda clama pela revisão do Pacto Fiscal, Sarkozy, que o assinou, só pode se limitar a esperar uma aplicação mais flexível.

Mas qual dos dois interpreta melhor o sentimento dos franceses? Segundo os números, deveria ser a firmeza de Hollande que surfa na onda da opinião pública, o que é confirmado por um fato: os dois outsiders, Le Pen e Mélenchon, são fortemente antieuropeus (para não dizer eurofóbicos) e somam 30% das intenções de voto nas pesquisas. Quase um em cada três franceses é, portanto, hostil à Europa. Esta poderia ser a chave para se sentar no Elysium?

Entretanto, uma coisa é certa: a questão diz respeito de perto à Itália, que poderá assim encontrar um aliado contra a intransigência do Bundesbank. De fato, quem quer que vença as eleições, a França não é mais o ombro forte de Berlim, e sua crise a distancia cada vez mais de Brandemburgo para aproximá-la dos ventos da recessão no Mediterrâneo. Depois de perder o triplo A em janeiro, o spread entre os títulos do governo transalpino e alemão, que oscilou em torno da paridade durante quase todo o ano de 2011, agora está consistentemente acima de 120 pontos básicos. Mais uma razão para seguir o caminho do rigor, mas pedindo tempo e clemência ao antigo aliado de ferro. O risco, porém, é que no caso de uma vitória socialista, a Alemanha endureça ainda mais.

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