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ENTREVISTA COM GIOVANNI TAMBURI (Dica): "Por que invisto na Fiat em Wall Street"

ENTREVISTA COM GIOVANNI TAMBURI, presidente e CEO da Tip – Às vésperas da estreia da Fiat em Wall Street, o fundador da Tip e diretor do salão Quarto capitalismo surpreendeu a todos ao revelar que havia investido no grupo liderado por Sergio Marchionne, como o que outro gerente independente como Paolo Basilico da Kairos também fez - é por isso

ENTREVISTA COM GIOVANNI TAMBURI (Dica): "Por que invisto na Fiat em Wall Street"

Nuvens ameaçadoras se acumulam nos mercados, mas é preciso muito mais para assustar quem sabe olhar além, sem se deixar impressionar pela volatilidade ou pela moda. E assim Giovanni Tamburi, o diretor daquele salão do Quarto Capitalismo, transforma-se numa espécie de globe trotter para andar no made in Italy, produto que hoje é exportado além-fronteiras. Aqui está sua agenda: quinta e sexta-feira em Londres para a Star Conference (“13 compromissos por dia, incompreensível”), segunda-feira em Paris, terça e quarta-feira na Alemanha para a reunião pré-diretoria da Prysmian. E depois nos EUA, para finalizar a operação Eataly de Gianni Farinetti em vista da Expo.

 E, no entanto, em meio a tantos compromissos, o velho lobo da Bolsa não perde o hábito de ser um bom gestor, caçador de ideias. Talvez tão velhos que parecem novos. E assim o caçador de talentos de muitas empresas descobertas no coração da província que produz e vende em todo o mundo, surpreendeu a todos ao revelar as compras na Fiat, o antigo carro-chefe da Piazza Affari que está prestes a cruzar o limiar de Wall Street. Uma escolha que Tamburi tem em comum com outro gestor de luxo, Paolo Basilico, da Kairos.

Mas por que Fiat? E acima de tudo, por que agora?

Para dizer a verdade, há muito tempo temos uma posição forte, pelos nossos parâmetros, nos títulos da Fiat. Agora decidimos entrar em campo também em ações.

Por quê?

Por várias razões. A primeira é que a Fiat ainda é precificada nos parâmetros italianos, apesar de ser hoje uma empresa que produz e vende 80% no exterior. Daí a sensação de que, após o pouso em Wall Street, os parâmetros de julgamento vão mudar. Estou convencido de que muitos investidores sairão de outras ações automotivas para abrir espaço para que o novato de Wall Street seja avaliado pelos padrões de Wall Street. Estamos perante uma empresa rentável com um bom EBITDA que capitaliza, mais ou menos, cerca de 9 mil milhões.

Sem contar a Ferrari…

Sobre a Ferrari e o extraordinário sucesso da Maserati. Acho que a Ferrari sozinha pode valer entre 5 e 6 bilhões. Isso é suficiente para explicar o apelo que a ação terá em Wall Street.

Talvez em vista de um spin off…

Francamente não acredito. Não tenho nenhuma informação privilegiada sobre isso, mas não teria. É muito melhor explorar o apelo da Ferrari dentro da carteira do que gastar o cartão cedo demais.

Sempre falamos sobre ações. Mas os títulos podem ser um bom porto seguro hoje em dia…

O precedente da CNH Industrial vale. Os títulos passaram por uma reclassificação significativa depois que as ações desembarcaram em Wall Street. E o mesmo acontecerá com a Fiat. De fato, o fenômeno já está ocorrendo. Gostaria de destacar que os títulos da Fiat em nossa carteira, com vencimento entre 2018 e 2021, garantem hoje um rendimento médio entre 3,5 e 4%. Onde você encontra um título, agora sem risco de inadimplência, que garanta um retorno desse tipo no médio prazo? Ou prefere comprar Btp a 2% ou Bund a quase zero?

Muitos se perguntam por que a Fiat mantém tanto dinheiro disponível…

Os motivos são outros: não descartaria uma possível recompra, ou uma aquisição. A liquidez pode ser usada para pagar os acionistas que optaram por se retirar. Não esqueçamos, então, que até alguns anos atrás não era fácil para Sergio Marchionne conseguir financiamento.

Ao contrário de hoje. Pelo menos ele não está sofrendo com a crise de crédito.

Não apenas ele. Concordo plenamente com o que disse o gerente-geral do Banco da Itália, Salvatore Rossi: hoje não falta crédito, se é que faltam boas empresas para financiar. Nossas empresas estão no centro de propostas contínuas nesse sentido”.

Em suma, a crise existe, mas não é tudo. Também se aplica ao mercado de ações?

Estou muito mais cauteloso do que há algum tempo. Digamos que entre agora e o final do ano eu veja um corredor entre -5 e +5 por cento.

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