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Inflação novo recorde? Sim e não: a corrida de preços já começou a descer. Aqui está como e por quê

A inflação atingiu seu pico, mas as matérias-primas alimentares começaram a cair. Uma provocação? Não. Poucos perceberam, é isso que está acontecendo

Inflação novo recorde? Sim e não: a corrida de preços já começou a descer. Aqui está como e por quê

Você não percebeu. Mas a inflação começou sua queda. Parece uma provocação, principalmente no dia em que a zona do euro confirma uma taxa de crescimento de preços de dois dígitos, a mais alta desde a década de XNUMX. No entanto, alertam os especialistas, algo está se movendo, especialmente no comida mas não só. Claro, é uma pequena satisfação porque a maré baixa não vai garantir um Natal mais rico (ou menos pobre). E nos Estados Unidos, o peru do Dia de Ação de Graças custará 14% a mais do que há um ano. Então, no entanto, deve afirmar-se tendência de queda nos preços matérias-primas, principalmente agrícolas. Em suma, aguarde. Pela primeira vez, nem tudo são más notícias.

Matérias-primas alimentares: a descida começou

  • Um sinal eloquente vem do mundo da café, um dos mais afetados pelos aumentos dos últimos dois anos, dominado pelo efeito da seca no Brasil. As notícias que chegam do país sul-americano e da Indonésia falam de uma safra recorde que já provocou queda de preços da ordem de 20% em um mês. Uma tendência que continua hoje com uma queda substancial de 2% em torno de 126 dólares.
  • Este não é um caso isolado, alerta javier blas, especialista altamente experiente (Financial Times, Bloomberg) no setor de commodities. “Claro – admite – que os preços de algumas commodities, como os cereais, ainda estão apertados. Mas se você olhar mais, verá que os preços estão caindo. Isso se aplica tanto ao salmão quanto ao cordeiro, em vez de tomates ou grão-de-bico; o fenômeno deA inflação dos alimentos atingiu um recorde histórico".
  • Difícil de acreditar, dada a pressão ascendente nos custos de distribuição. Mas, pelo menos a julgar pelos preços de produção, verifica-se que, após dois anos de aumentos, tabelas do Índice de Preços de Alimentos da FAO na mão, eu preços nos mercados globais eles estão caindo: -25% de cordeiro desde janeiro, -40% de salmão (já subindo para preços recordes, no entanto). E o grão-de-bico, a dieta básica de um bilhão de asiáticos? Os preços caíram 20%, menos do que o tomate na Europa. Ou óleo de palma na Ásia.
  • Il preço do arroz, base da alimentação de metade do planeta, manteve-se entretanto estável: 414 dólares a tonelada contra 416 há um ano, desmentindo os pessimistas que previam distúrbios e revoluções ditadas pela fome, como aconteceu em 2007/08 na altura da Primavera Árabe, quando mais de 50 países, do Haiti a Bangladesh, foram atingidos por protestos contra a fome. Desta vez, nada disso aconteceu também porque não houve aumento de até US$ 1.000 por tonelada. 
  • A renovação do acordo sobre a exportação de cereais do Mar Negro afastou entretanto o risco de privar África de trigo chegando da Ucrânia e da Rússia. 
  • Em suma, o risco de grande fome parece evitado. Por que? Em primeiro lugar, explica Blas, porque se entendeu que "a melhor cura para os preços altos são os preços altos". Ou seja, atraídos pelo aumento das tabelas de preços, os produtores aumentaram seus investimentos. Em segundo lugar, mais boas notícias em tempos de mudança climática, desta vez o clima ajudou: a Austrália, o segundo maior exportador de grãos do mundo, atrás da Rússia, anuncia uma colheita recorde, seguido por Brasil e Canadá. 
  • Acima de tudo, porém, o mundo parece ter entesourado os desastres de 2007/08, quando um bom número de produtores reagiu à crise fechando suas fronteiras. Desta vez, com exceção da Índia, os grandes países evitou barreiras ao comércio.

Inflação recorde, mas pressão sobre matérias-primas industriais diminuiu

Daí a sensação de que, pelo menos no front das commodities agrícolas, a inflação está em retração. Mesmo o matérias-primas industriais, graças ao lento reinício da China, por enquanto eles não mostram sinais de tensão. Mas ainda é cedo, alertam os economistas, para reivindicar a vitória. A inflação atual não é tanto o resultado do aumento dos preços das commodities ou da energia, mas o boom cambial causado pela política expansiva do banco central e por generosos pacotes de Auxílio COVID-19 fundado por dívida. A situação foi agravada por gargalos no abastecimento devido à pandemia e à guerra na Ucrânia, que levou à escassez de energia e explosões de preços. Isso, por sua vez, levou muitos países a lançar programas de ajuda financiados por dívidas para famílias e empresas, o que dificulta o combate à inflação, especialmente se forem mal direcionado em benefício da população como um todo.

Não vamos culpar o pobre peru ou o panetone de Natal, enfim.

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