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França, Hamon desafia Valls

Surpreendentemente, o antigo primeiro-ministro, favorito na véspera, foi ultrapassado na primeira volta pelo dissidente Hamon, membro da ala mais radical do Partido Socialista – Montebourg fora do jogo, que no entanto convida a votar em Hamon – Votação no domingo, 29 de janeiro.

França, Hamon desafia Valls

Surpresa nas primárias da centro-esquerda na França: o favorito da véspera, o ex-primeiro-ministro, irá às urnas Manuel Valls, mas não como um favorito. Valls ficou, de facto, em segundo lugar na consulta que envolveu menos de 2 milhões de eleitores (nas primárias de 2011, as que coroaram Hollande, foram cerca de 1 milhão a mais), superado pelo forasteiro da esquerda do Partido Socialista, o deputado Benoit Hamon: o ex-ministro da Economia Social e Solidária e Educação durante o mandato de Hollande, de 49 anos, obteve mais de um terço dos votos (36%), contra 31% de Valls. Em terceiro lugar estava outro ex-ministro, Arnaud Montebourg, já fora das urnas na edição de 2011, mas que pode fazer pender a balança no próximo domingo, quando os eleitores de centro-esquerda terão que escolher um candidato para as eleições presidenciais: Montebourg, que terminou com 17,7%, pediu formalmente ao seus apoiadores para favorecer Hamon.

O jogo está, portanto, em aberto e para Valls tudo é ladeira abaixo: o favorito agora é Hamon, o "frondeur" ("frondista"), ou seja, pertencente àquela ala do Partido Socialista que se opõe às políticas econômicas e sociais da maioria (uma espécie de "jovens turcos" em molho francês, por assim dizer). Desde maio de 2016, esse grupo de opositores dentro da coalizão majoritária (há também ecologistas e comunistas) conta com 56 parlamentares signatários, incluindo Hamon, mas também, por exemplo, a ex-ministra da cultura Aurélie Filippetti. Em particular, a batalha de Hamon concentra-se naabolição da polêmica Loi Travail, a Lei do Emprego em estilo francês, que foi duramente contestada nas praças no ano passado: Valls gostaria de mantê-la, enquanto Hamon ainda propõe reduzir ainda mais a semana de trabalho de 35 horas, aumentar o SMIC (salário mínimo) em 10% e estabelecer uma renda de cidadania "universal e incondicional", ainda que temporária.

Na proposta que até agora recebe mais consenso está também a redução do preço dos medicamentos, a eutanásia (tema que Valls gostaria de abordar mas em pequenas fases) e a legalização da canábis, tema sobre o qual o antigo primeiro-ministro ministro é fortemente contra. Também haverá um embate na questão da imigração: Hamon quer acolher mais refugiados para dar direito de voto aos estrangeiros nas eleições locais, enquanto Valls é contra, mantendo as posições já expressas pelo governo cessante. Finalmente, os dois candidatos na votação têm uma abordagem diferente sobre a Europa: enquanto Valls quer manter o déficit abaixo de 3%, Hamon está disposto a pedir uma moratória e também a renegar o CETA, ou acordo comercial entre a UE e o Canadá.

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