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Fiat luzes e sombras: a Bolsa não convence. Abaixo o título hoje na Piazza Affari

As contas trimestrais incluem notas positivas e negativas, mas os investidores decidiram vender: pesadas perdas para a ação de Milão – As luzes: aumento nas negociações e lucro líquido, melhor do que as previsões – As sombras: dívida crescente e fábricas italianas continuam subutilizadas – E vai Obama, a vitória do “amigo” de Marchionne?

Fiat luzes e sombras: a Bolsa não convence. Abaixo o título hoje na Piazza Affari

Na dúvida, venda. Essa é a filosofia que as operadoras aplicaram à Fiat, após o anúncio dos resultados esperados para o terceiro trimestre. Título do Lingotto, já suspenso por descidas excessivas, fica bem abaixo dos 4 euros, anulando os ganhos da manhã na onda de resultados da Chrysler.

Ainda assim, pelo menos na primeira leitura, nem tudo é tão negativo na Fiat. Para começar, no terceiro trimestre, o grupo Fiat registou um aumento do lucro comercial para 951 milhões de euros (851 milhões no terceiro trimestre de 2011), melhor do que a média das previsões dos analistas (910 milhões). Mesmo o lucro líquido, mais que o dobro em relação a 2011, supera as estimativas do mercado (286 milhões contra expectativa de 250 milhões).

As notas positivas, no entanto, param por aí. De resto, incógnitas já conhecidas e menos óbvias pesam nas contas e, mais ainda, nas perspetivas do grupo automóvel. Vejamos quais:

a) A Fiat, lê-se em nota, "refinou suas metas econômicas para 2012 para o limite inferior da faixa original". Ou seja, para este ano, com receita de aproximadamente 83 bilhões de liras, o lucro comercial não ultrapassará 3,8 bilhões, no ponto mais baixo da faixa identificada há três meses, quando a barra anterior foi baixada (entre 4,6 e 5,3 bilhões). Acabou por aqui ou a revisão para baixo vai continuar no próximo trimestre?

b) Conforme já previsto, a Fiat de fato baixou as metas para os próximos anos: lucro comercial é esperado para 2013 entre 4 e 4,5 bilhões; para 2014, com receitas entre 94 e 98 bilhões (contra os 104 bilhões já previstos), o lucro comercial está previsto entre 4,7 e 5,2 bilhões. E então?

c) O motivo de maior preocupação, como sempre, diz respeito ao nível de endividamento, que tem crescido apesar do aperto nos investimentos. Em suma, durante o último trimestre, a Fiat queimou caixa. Claro, a empresa promete que até o final do ano a dívida industrial líquida cairá para 6,5 ​​bilhões. Mas, por enquanto, a barra subiu para 6,7 ​​bilhões.

d) Do ponto de vista das estratégias, o grupo Fiat anuncia, através dos slides da apresentação de Sergio Marchionne aos analistas, que optou por "alavancar as grandes marcas premium históricas como Alfa Romeo e Maserati, realinhar o portfólio de produtos e reposicionar o negócio para o futuro”. A alternativa era "manter o foco em um mercado de massa não premium e racionalizar a capacidade de produção fechando uma ou mais" fábricas. Ou seja, a Fiat foca em produtos de maior valor agregado para serem exportados para o mercado americano. Os investimentos para renovar a gama tradicional podem esperar.

e) O mercado toma nota desta decisão, já tomada como certa e, em grande parte, obrigatória. Como sublinha uma nota do Morgan Stanley, Marchionne deve atingir dois objetivos: rotacionar as fábricas italianas, hoje dramaticamente subutilizadas, e limitar a expansão da Chrysler em relação ao Lingotto. Caso contrário, o primo de Detroit corre o risco de adquirir muito valor em relação ao lingote, tornando problemática a execução do contrato original. O sindicato norte-americano reluta em vender suas ações pelo preço acertado no passado (bem abaixo do valor real de hoje), que entre os parâmetros incluía também o EBITDA da Fiat. As duas partes se encontrarão em breve no tribunal de Delaware, já que a declaração do UAW deverá ser apresentada até domingo, 5 de novembro. Então, no entanto, as eleições nos EUA já serão um acordo fechado. E quem sabe se seu amigo Barack Obama ainda estará na Casa Branca ou aquele Mitt Romney que já mirou no super Sérgio.

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