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Eni, Descalzi: avaliamos a saída do South Stream

O CEO da empresa de energia foi ouvido hoje no Senado - "Não vamos gastar mais de 600 milhões no gasoduto" - Entre 2008 e 2013 só o E&P foi rentável, 10 mil milhões perdidos em gás, químicos e refinação: daí a mudança de rumo - Esperar por autorizações de recuperação custa 100 milhões por ano. Não ao guisado de Saipem

Eni, Descalzi: avaliamos a saída do South Stream

O Eni poderia sair de riacho sul,  mas ela não está interessada no Tap. A possibilidade de mudança de rumo, em relação aos planos atuais, foi oficializada ontem pelo superintendente Claudio Descalzi, em audiência na Comissão de Indústria do Senado sobre as novas estratégias do grupo. SouthStream, o gasoduto que vai trazer gás da Rússia para a Europa e no qual a Eni tem uma participação de 20%, “tem o seu valor, o seu valor. No que nos diz respeito - disse - temos de olhar para as nossas contas. Ou a ENI consegue manter o seu compromisso orçamental de 600 milhões ou as contas estariam em risco. A Eni não vai gastar mais do que estava orçamentado, temos a oportunidade contratual de sair e vamos avaliar isso”.

Descalzi recordou então que o pipeline “tinha de ser financiado a 70% com project finance e 30% de capital e a nossa exposição estava fixada em 600 milhões. Agora os parceiros estão lutando para encontrar financiamento”. Assim, esclarece Descalzi, se fôssemos a 100% de capital próprio “a Eni nunca, jamais, na situação atual, colocaria 2,4 mil milhões na construção da SoutStream. As contas estariam um pouco em risco”. O CEO da Eni acrescentou então: “SouthStream vai ser feito mesmo sem a Eni, os contratos da Saipem vão ser mantidos e teremos gás”.

A eventual saída da Eni da South Stream é, em todo o caso, uma revolução copernicana para a Eni e dá a medida de como Claudio Descalzi quer dirigir os novos rumos da empresa. Além disso, muitos estão se perguntando se um segundo pensamento da ENI em South Stream poderia anunciar uma aproximação do cachorro de seis patas ao Toque, Gasoduto Trans Adriático que levará gás do Azerbaijão para a Itália, via Turquia e Grécia. Assim, contornando a Rússia. Os rumores estão fluindo, mas fontes da Eni esclarecem que "nenhuma avaliação está em andamento sobre uma possível entrada no projeto relacionado ao oleoduto Tap".

Se esta é certamente a notícia mais relevante da audiência de Descalzi, o gerente então a confirmou redução da dívida Eni em 15 bilhões até o final do ano. As medidas implementadas, com o aumento da geração de cash flow, conduzem ao cumprimento do objetivo. “Grandes investimentos e grandes expectativas de fluxo de caixa estão à vista em Exploração e Produção”, continuou ele. “Nos últimos seis anos fomos os melhores em E&P”, sublinha o número um da Eni. “Entre 2008 e 2013, descobrimos 9,5 bilhões de barris. Descobrimos 2,5 vezes nossa produção. Garantimos nosso futuro." Apenas Exploração & Produção manteve balanços lucrativos no período. As outras divisões têm perdeu 10 bilhões dos quais 2,2 em gás e 2,3 em produtos químicos. No mesmo período, o refino deixou 6 bilhões em jogo.

É por isso necessária uma mudança de rumo, alerta o CEO da Eni, sem subestimar o risco geopolítico e a difícil situação do petróleo, também ao nível do preço. Se a Eni espera um valor de crude estabilizou nos 90 dólares, no sector petrolífero global “perdem-se cerca de 3,3 milhões de barris de petróleo por dia por causas geopolíticas, devido à agitação que existe nos vários países. No espaço de quatro a cinco anos – resumiu – a situação tanto do petróleo quanto do gás mudou completamente”.

A outra parte relevante da audiência dizia respeito ao cerne da refinação. O setor, explicou Descalzi, “nos chama a atenção” também porque “desde 2009 até hoje perdemos 6 bilhões de euros. O problema precisa ser resolvido." Em Veneza, acrescentou, "transformamos a refinaria numa refinaria verde", enquanto para Gela "estamos em discussões construtivas com a Região da Sicília, o sindicato e o governo para fazer um projeto semelhante ao de Veneza". “Nós nos demos diretrizes: não queremos sair do território, não queremos impactar o emprego, não queremos reduzir nosso pessoal e, no caso da Sicília, não queremos impactar indústrias relacionadas. Queremos transformar – acrescenta o CEO – uma indústria em outra: produzimos biocombustível que tem e terá um mercado cada vez maior. Vamos tentar fazer alguma coisa, não fechar e ir embora."

Em Taranto, Descalzi sublinha “temos grandes prejuízos: estamos a discuti-los internamente para perceber que projeto podemos fazer, mantendo sempre o nosso objetivo de salvaguardar o emprego”. Também para Livorno, acrescenta, "estamos discutindo". O objetivo, conclui o CEO da Eni, “é atingir o break even no setor da refinação e comercialização até ao final de 2015. Um objetivo muito ambicioso”.

Porém, tudo tem a ver com a lentidão dos processos de autorização. A Eni estaria disposta a investir 500 milhões na recuperação, mas a espera pelas autorizações da Eni "custa cerca de 100 milhões por ano, o que é muito para manter sites enquanto espera para fazer a limpeza. Seria melhor gastá-lo desenvolvendo outras coisas”. Finalmente, Saipem: Descalzi descartou a hipótese de um "ensopado" no contexto da venda da empresa.

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