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Covid amplia desigualdades: 10% detêm 52% da riqueza

World Inequality Lab apresenta o mapa de renda do planeta a partir de 1820, que mostra o risco de que o fosso entre ricos e pobres se amplie ainda mais como resultado da pandemia - Na Europa, porém, as injustiças parecem menos fortes do que na América

Covid amplia desigualdades: 10% detêm 52% da riqueza

Os 10% mais ricos da população mundial controlam 52% da riqueza produzidos no planeta enquanto a metade mais pobre compartilha apenas 8,5 por cento. Um desequilíbrio, a par de outros não menos sensacionais (o desequilíbrio dos rendimentos em detrimento das mulheres, por exemplo), que pouco mudou desde finais do século XIX, no apogeu do imperialismo ocidental, mas que agora ameaça alargar ainda mais, quando eles voltam para casa para se empoleirar os nós da pandemia. 

“Em 2020, o ano da pandemia, a riqueza dos mais ricos cresceu 3.600 trilhões de dólares, valor igual ao gasto por governos de todo o mundo para lidar com o contágio”. Se a tendência continuar nessas taxas, em 2070 5,2 milhões de super-ricos eles deterão a mesma riqueza que 70% da população mundial. E pode dar certo a profecia de marx: a revolução dos proletários para a qual terá convergido a antiga classe média. Para evitar isso, só nos resta o fisco, desde que esteja a serviço do meio ambiente e de outras causas nobres, a começar pela educação.   

Estas teses são corroboradas pelo relatório sobre a desigualdade apresentado em 6 de dezembro pelo WIL (Laboratório Mundial de Desigualdade), fruto da pesquisa de uma centena de economistas que, com trabalho ciclópico, reconstruíram mapa de renda, incluindo o poder de compra efetivo, em todo o planeta a partir de 1820. Um empreendimento que, embora sustentado por uma análise rigorosa, parte de um pressuposto ideológico: a desigualdade não é resultado da geografia ou dos diferentes níveis de desenvolvimento, mas resultado de escolhas políticas como já afirmava Thomas Piketty, autor do best-seller "O capital no século XNUMX" que faz parte da equipe de economistas franceses (Lucas Chancel, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman) que criou este hino-manifesto à necessidade de uma Estado forte, capaz de relançar uma política fiscal sob a bandeira de receitas progressivas e incentivos ao desenvolvimento "verde". A forte mudança de direção em comparação com o "mantra" do corte de impostos que o mundo da política fala (muitas vezes de forma inadequada). 

"É tempo de reviver o debate tributário – diz Lucas Chancel – Hoje mais relevante do que nunca em tempos de pandemia. Sem dúvida, o contágio acelerou a concentração da riqueza em favor dos bilionários e acentuou o estado de pobreza em que se encontram muitos países emergentes. Nos países ricos, porém, a máquina de intervenção pública funcionou, mas ao preço de um aumento acentuado da dívida pública. E quem vai pagar por isso? Os jovens, aqueles que já pagaram o preço mais alto? Vamos escolher deixar a inflação correr? Ou precederá o cancelamento da dívida”. A análise histórica e sociológica, portanto, está na base da um manifesto fiscal de esquerda, com forte cunho ecológico. 

"Com um suplemento antipoluição cobrado de quem lucra com a atividade carbonífera – acrescenta o economista – um imposto progressivo sobre o rendimento poderia permitir a cobrança de multibilionários 1,5-2% do PIB mundo, número suficiente para atingir os objetivos do acordo de Paris sobre o clima”. Uma utopia? O imposto de 15% sobre as multinacionais aprovado pela OCDE é um primeiro passo, quase impensável há poucos anos. A perspectiva de novos saldos não é totalmente exagerada.

Além disso, nesses dois séculos, as relações não permaneceram inalteradas. Uma fase de acentuado aumento da desigualdade entre 1820 e 1910 foi seguida por um período de reconciliação de renda, interrompido há cerca de trinta anos. A crise do subprime reduziu o fosso entre os países pobres e o empobrecido Ocidente dentro do qual, no entanto, as desigualdades entre ricos e pobres cresceram significativamente. 

neste quadro Europa é a área em que a injustiça parece menos evidente: a parcela do bem-estar nas mãos da classe média é de 46% do total contra 41 nas mãos dos mais ricos. Nos Estados Unidos os relatórios são invertidos: os bilionários controlam 46% da riqueza do país. Ainda mais desequilibrado é o mapa da riqueza em outras áreas: os 58% mais ricos controlam XNUMX% dos recursos mundiais Oriente Médio, o 55-in América Latina e o 43 em Extremo Oriente.

O alcance aumenta ao passar de renda para ativos: a metade mais pobre da população mundial controla apenas 2 por cento dos bens do planeta, o equivalente a apenas 2.900 euros por pessoa. Os 10 por cento mais ricos controlam 76 por cento dos recursos (mais de meio milhão de euros por cada adulto). 

A desigualdade de renda é mais forte na América Latina e no Oriente Médio, mas aumentou acentuadamente em Rússia onde o bolo dos bilionários praticamente dobrou na última década. E o fenômeno também é interessante China: a desigualdade de renda diminuiu, mas a riqueza agora está concentrada entre os super-ricos em proporções semelhantes às dos Estados Unidos.

Graças à boom do mercado de açõesAlimentado por taxas baixas, o 1% mais rico da população dos Estados Unidos garantiu 38% da riqueza criada desde 1995, contra miseráveis ​​2% dos mais pobres. Também vale a pena notar a diferença de gênero: a riqueza nas mãos das mulheres está estagnada em 35% do total, praticamente pouco movimentada na Europa e nos EUA, em forte declínio na China

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