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Consumidores emergentes, oportunidades de crescimento e gestão de riscos

A análise de Didier Rabattu e Odile Lande-Broussy, equipe de gestão do fundo LO Funds Emerging Consumer da Lombard Odier Investment Managers – Gerenciamento de riscos, exposição macro e seleção de ações são os três fatores-chave para gerenciar situações complexas para investidores como os de emergentes mercados, que vivem atualmente um período negro

Consumidores emergentes, oportunidades de crescimento e gestão de riscos

Publicamos a análise de Didier Rabattu e Odile Lande-Broussy, equipe de gestão do fundo LO Funds Emerging Consumer da Lombard Odier Investment Managers.

Os investidores em mercados emergentes enfrentaram recentemente um dos piores períodos em duas décadas em termos de desempenho negativo em relação aos mercados desenvolvidos.

Gestão de risco, exposição macro e seleção de ações são os três fatores-chave na gestão de tais situações complexas. Sabe-se que em momentos de crise, as moedas emergentes apresentam forte correlação entre si. Consequentemente, cada posição relevante em países em desenvolvimento, e o risco associado, está atrelada à exposição a diferentes moedas.

Por isso é muito importante ter uma metodologia de investimento sólida, de forma a avaliar fatores como a governança corporativa de uma empresa, liderança em setores específicos, um negócio que envolve alto retorno de capital e baixíssimo nível de endividamento. Além disso, não se deve esquecer que os mercados emergentes, pela sua natureza, são na sua maioria de pequena dimensão e com dinâmicas específicas.

Hoje, porém, o grande ponto de interrogação diz respeito ao possível destino da liquidez pendente, com o mercado global de títulos em decidida dificuldade após uma alta de quase trinta anos.
Falando em mercados emergentes, uma interpretação interessante é a do consumo. A população dos países em desenvolvimento, totalizando cinco bilhões de pessoas, está evidentemente crescendo mais rápido do que no mundo desenvolvido, com taxas de longo prazo semelhantes às registradas na Europa e nos Estados Unidos nos anos pós-guerra.

No entanto, é necessário um esclarecimento, um elemento que muitos investidores costumam esquecer: o mundo emergente não é um mercado único, muito menos homogêneo. Isso se aplica tanto ao desempenho do mercado quanto aos fundamentos econômicos. Podemos considerar provisoriamente seis grandes áreas: China, Sudeste Asiático, Índia, África e Oriente Médio, Europa Oriental e América Latina. Em cada uma dessas áreas a dinâmica é muito diferente, os países não crescem no mesmo ritmo ou na mesma direção e mesmo dentro desses mesmos blocos há diferenças significativas.

Tomemos como exemplo o Vietnã: apesar de estar geograficamente muito próximo da Tailândia, está muito distante dela, tanto econômica quanto politicamente, enquanto o Chile é o oposto econômico e político da Argentina, apesar de ter uma fronteira comum, e a Arábia Saudita tem muito pouco a compartilhar com o vizinho Egito.

Se por um lado devemos, portanto, ter cuidado com a diversidade, devemos também considerar que existem pontos suficientes em comum. O Sudeste Asiático (Tailândia, Malásia, Filipinas, Vietnã, Indonésia) vive um boom graças ao crescimento equilibrado dos últimos anos. De fato, tem uma relação dívida/PIB sob controle, capital local sólido, instituições financeiras seguras, bom equilíbrio entre infraestrutura, consumo e exportações e redução da corrupção em todos os níveis.

Chile, Colômbia, Peru, Polônia, Turquia também fazem parte desse grupo, enquanto Brasil, Argentina, África do Sul e Ucrânia estão excluídos e suscetíveis a problemas de vários tipos.

O que acontece em vez disso na Índia? O crescimento do PIB de 5% segue a tendência de seus vizinhos, mas apesar da queda nos preços do ouro, petróleo e bens de consumo, a inflação e as taxas de juros continuam altas. No entanto, o déficit em transações correntes não é alto e mais uma vez nos próximos meses o país terá que encontrar o equilíbrio certo entre as variáveis ​​métricas. Na prática, o aumento constante da população que acompanha maior bem-estar está em linha com o que os Estados Unidos e a Europa vivenciaram no pós-guerra. Da mesma forma, a expansão nos setores de alimentos e bebidas, supermercados e restaurantes é esperada para esses mercados.

Os governos emergentes, principalmente o da China, devem expandir suas economias incentivando o crescimento das classes médias nascentes. Assim como é o caso dos países desenvolvidos de hoje, o consumo será o motor de crescimento mais importante nos mercados emergentes nas próximas décadas. As exportações per se não serão mais suficientes, já que a Europa e os Estados Unidos não podem ser mercados de escoamento indefinidamente, e as infraestruturas são exageradamente caras no curto prazo.

A higiene, por exemplo, é uma prioridade clara para todos os governos e o chinês em particular está ansioso para limpar toda a cadeia de consumo, desde os produtores até os vendedores. Escândalos nos setores de laticínios, alimentos para bebês, suínos e de frango estão forçando o governo a pressionar por uma modernização completa no setor de alimentos.

Mais uma vez, basta dar uma olhada na história recente para perceber o que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos entre o final da Segunda Guerra Mundial e o final dos anos 80.

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