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Uma próxima revolução para informações online: tudo muda com aplicativos e pagamentos

JORNALISMO ONLINE – A fronteira entre software de negócios e negócios de mídia não existe mais e 2012 pode ser o ponto de virada: o antigo site generalista está em declínio e a nova palavra de ordem será versionamento – Os aplicativos estão mudando a maneira como usam a informação no web e conteúdo pago não são mais tabus

Uma próxima revolução para informações online: tudo muda com aplicativos e pagamentos

Nicholas Carr já é considerado um veterano entre os gurus da tecnologia da informação, mas quando ele fala é preciso estar sempre atento. Seu livro sobre o que a Internet está fazendo com nossos cérebros (nada bom, ao que parece) foi finalista do Pulitzer, e suas análises são sempre interessantes. Quando solicitado a prever o que acontecerá no próximo ano no mundo das notícias, Carr começou fazendo um balanço do que aconteceu nos últimos doze meses - uma revolução que poucos notaram.

De acordo com Carr, a linha entre software de negócios e negócios de mídia não existe mais. “Hoje – escreve no Nieman Lab – graças à computação em nuvem e aos avanços da tecnologia, os aplicativos se parecem cada vez mais com produtos jornalísticos: eles são suportados por anúncios, estão disponíveis por assinatura, são atualizados continuamente e seus conteúdos são frequentemente tão importantes quanto as funções que eles fornecem”. De maneira espelhada, as mídias tradicionais que desenvolveram a difusão de conteúdo em formato digital estão cada vez mais se assemelhando às empresas de software. "Eles distribuem não apenas conteúdo original - observa Carr - mas toda uma série de ferramentas e funções online que permitem aos leitores ver, manipular e aumentar o conteúdo de infinitas maneiras".

A fusão de software e mídia, enquanto todos esperavam pela perfeita integração entre impresso e web, em vez disso, produziu a desintegração da Internet. A velha web generalista, aberta a todos para visualização do mesmo material, foi suplantada – acrescenta Carr – por pacotes especializados de conteúdo digital voltados para dispositivos específicos: iPhone, iPad, Android, BlackBerry, Galaxy, Kindle, Nook, Xbox. O antigo site baseado em HTML está prestes a ser substituído, ou pelo menos integrado, por aplicativos proprietários. Jornais, revistas, livros, jogos, álbuns de música, programas de TV: tudo será redesenhado como um aplicativo. Segundo Carr, essa revolução já ocorreu em grande parte e os jornais agora têm a oportunidade de aproveitá-la. Se o conteúdo se tornar um aplicativo, será mais fácil pedir aos leitores que paguem. No velho mundo da web aberta, pagar por conteúdo online era considerado ultrajante.

No novo mundo dos aplicativos isso é normal. Qualquer "App Store" é composta por uma série de barreiras de pedágio, sob as quais as pessoas já estão acostumadas a passar. A nova palavra de ordem passará a ser "versionamento" (cunhada por Hal Varian, executivo do Google), prática que consiste em criar diferentes versões do mesmo conteúdo para transmiti-lo em diferentes dispositivos a preços diferentes, a fim de atender às necessidades do maior número possível de consumidores. O blogueiro do Nieman Lab, Martin Langeveld, argumentou há apenas algumas semanas que "jornais que colocam barreiras de pagamento para conteúdo online estão cavando sua própria cova". Em vez disso, as observações de Nicholas Carr abrem uma nova perspectiva e sugerem que 2012 pode ser o ponto de virada. Mas há muito trabalho a fazer nas redações e pouco tempo para fazê-lo.

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