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Para onde Putin levará a Rússia? Anexação pós-invasão do cenário mais provável de Donbass

Até os moscovitas estão se perguntando sobre os planos de Putin, mas, de acordo com STEFANO SILVESTRI do IAI, o cenário mais provável é a invasão de Donbass com posterior anexação à Rússia

Para onde Putin levará a Rússia? Anexação pós-invasão do cenário mais provável de Donbass

Mesmo em Moscou, eles estão se perguntando sobre isso. E agora que entramos na Ucrânia? Como vamos continuar? Para onde o novo czar está nos levando? Vamos à guerra para reconstruir a ex-URSS? As palavras de Putin na rede unificada de TV arrepiaram aqueles que pensavam ter entrado em um novo mundo depois de 30 anos. Não tão democrático quanto esperavam em 1991, mas definitivamente não tão totalitário quanto a União Soviética. A verdade é que ninguém pode saber a resposta para a pergunta das perguntas. Porque em primeiro lugar nos deparamos com uma “abordagem paranoica” da política, enquanto ele julga agudamente o comportamento de Putin em conversa com o FIRSTonline Stefano Silvestri, atento conhecedor de questões geopolíticas e militares, conselheiro científico do Iai, ex-presidente do Istituto Affari Internazionali. E diante de tal atitude fica difícil apelar para a racionalidade, muitas variações.

A única coisa certa é que o caminho da diplomacia é tanto mais indispensável quanto mais impenetrável se torna. “O segundo dos cenários que muitos analistas imaginaram durante as primeiras semanas da crise está ocorrendo: a invasão de Donbass, após o reconhecimento das duas repúblicas de língua russa de Donetsk e Lagansk, com subsequente e provável anexação daquela parte da Ucrânia”, explica Silvestri ao FIRSTonline.

O que acontecerá com a Ucrânia?

E agora, exatamente? “A única certeza – continua Silvestri – é que agora uma nova fase se inicia das relações entre os protagonistas, com negociações que terão antes de tudo para deter os tanques russos e a fase quente do conflito. Semanas vão passar, obviamente não vai acontecer da noite para o dia. Especialmente depois das palavras inflamadas de Putin na televisão que reescreveram a história apagar a Ucrânia do mapa europeu como um estado independente, tendo como único objetivo justificar o assalto e a invasão: sempre foi russo, vamos recuperá-lo”. 

Ma nenhum analista no momento acredita que Putin quer ir para Kiev. É provável que nos encontremos em uma segunda edição da intervenção russa na Geórgia, em 2008, quando a Ossétia foi arrancada de Tblisi e ainda hoje está sob influência russa. A menos que haja um grande conflito que você vê o exército ucraniano diretamente no campo contra o russo. E tudo pode acontecer, nós já vimos. Mas há confiança em pensar que Kiev será desencorajado pelos aliados ocidentais de ir para a guerra aberta com Moscou: onde essa faísca levaria faz tremer cada chancelaria e cada europeu.

Em suma, no final da nova fase (retirada do exército russo, negociações e congelamento da situação "georgiana") o resultado será, em todo o caso, apenas um: Putin à força terá recuperado outro pedaço da Ucrânia. No entanto, qualquer pessoa que tenha acompanhado a evolução do pensamento do presidente russo sobre o assunto lembra que ele teria preferido muito mais. a solução do “Protocolo de Minsk”, ou seja, o da autonomia das duas repúblicas dentro das fronteiras ucranianas, segundo o modelo do Tirol do Sul escolhido pela Itália. Nem que seja para evitar o incômodo de administrar os dois territórios com problemas gigantescos e esgotados por sete anos de guerra. Mas a Ucrânia, apesar de ter assinado esse Protocolo, nunca fez nada para o praticar tendo sido o Donbass assunto de campanhas eleitorais nacionalistas para todos os líderes que o seguiram, incluindo Zelensky, o comediante que agora dirige o país.  

E agora que Putin cruzou fronteiras, mesmo para os russos, como disse seu ministro das Relações Exteriores, Lavrov, “Minsk é um desperdício de papel”.

A reação da União Europeia

Diante de tudo isso, o que nós, europeus, devemos fazer?  Ponto número 1, e diz respeito a todos os ocidentais: se Putin não quer entender que para cuidar da segurança de seu povo não pode reconstruir a URSS, nem mesmo o Ocidente pode pensar em continuar olhando para aquele país como o “inimigo” a ser cercado por aliados para torná-lo inofensivo. Não esqueçamos que sete dos oito países do antigo Pacto de Varsóvia aderiram à OTAN: até mesmo um menos paranóico que Putin ficaria impressionado. A verdade é que esses países veem a OTAN como uma opção de liberdade e democracia, enquanto é apenas uma aliança militar. Seria hora de praticar aquela reforma que tanto se fala desde 1991, com a queda do comunismo, e que previa envolver também a Rússia. 

Ponto número 2, o papel de nós, europeus. Tomemos emprestadas as palavras de Silvestri: “O quadro de segurança europeu mudou, não é mais o da Guerra Fria ou mesmo do pós-Muro. Não podemos mais contar com uma pretensa superioridade estratégica americana ou mesmo nos considerarmos abrigados por trás de uma clara estratégia de contenção e dissuasão. Temos que trabalhar por conta própria." 

Da China à África: esferas de influência “variáveis”

Porque – não esqueçamos – cada vez mais no futuro “teremos de lidar com fronteiras “variáveis” e esferas de influência, pressionado não apenas pela Rússia, mas também por inúmeras outras potências médias nacionalistas e ambiciosas, como Turquia, Irã, Israel, Paquistão, Índia, etc. etc.". Sem contar a África, como ainda aponta o assessor científico do IAI. Organizamos diálogos entre a União Europeia e a União Africana e depois saímos do Mali, somos tracheggia na Líbia, silenciamos no Sudão, na Etiópia, na Eritreia. Deixar o campo para todos, até os mercenários. 

Os Estados Unidos – agora está claro – terão no futuro confronto (ou embate?) com a China o que os levará cada vez mais a estar presentes no Pacífico. Mais uma vez, graças às novas tecnologias, eles estão um passo à frente dos europeus, não acreditando nas aberturas de diálogo que Putin lançava ora em Macron, ora em Scholz, e desmantelando os planos de Moscou com a política de clareza dos movimentos do exército russo no terreno. É provável que seja uma das últimas intervenções americanas na Europa.

Portanto, é inevitável, assim como necessário, que nós fornecemos para nossa própria segurança. Somos capazes de fazê-lo? A pandemia mostrou que, quando os europeus querem falar a uma só voz e agir por unanimidade, agora devem tentar fazê-lo também na política externa. Os tempos estão maduros.  

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