comparatilhe

Private equity, oito bilhões de euros por 1.500 intervenções em empresas italianas

por Giamplio Bracchi* – Segundo Aifi, o mercado de private equity e venture capital também dá sinais de recuperação na Itália, tanto na captação quanto no número de investimentos, embora ainda não tenha retornado aos níveis pré-crise – A disponibilidade de private equity possibilita 1.500 novas intervenções em empresas italianas

Private equity, oito bilhões de euros por 1.500 intervenções em empresas italianas

O mercado italiano de private equity e venture capital, nas últimas duas décadas, caracterizou-se por um crescimento contínuo, até que o pico da atividade de investimento foi atingido em 2008, quando ultrapassou os 5 bilhões de euros. A perspetiva de médio prazo e anticíclica que caracteriza o setor fez com que as primeiras dificuldades ligadas à crise financeira se manifestassem de forma clara apenas em 2009. Já nos últimos meses de 2010, porém, surgiram alguns sinais de recuperação, internacionais e também nível italiano. De acordo com o que emerge dos dados processados ​​pela AIFI (Associação Italiana de Private Equity e Venture Capital) em colaboração com a PricewaterhouseCoopers, de fato, também na Itália tanto a atividade de financiamento quanto o número de investimentos voltaram a crescer, enquanto a atividade de desinvestimento mostrou alguns sinais de melhoria, embora ainda não nos níveis pré-crise.
Nos últimos 5 anos realizaram-se cerca de 1500 operações de investimento, maioritariamente em participações minoritárias (expansão) no capital de pequenas e médias empresas. Este tipo de investimento, que caracteriza particularmente o Private Equity italiano, favoreceu o crescimento e a internacionalização de um número significativo de empresas médias, proporcionando aos empresários o capital necessário para o seu desenvolvimento.
As operações de investimento em participações maioritárias e, portanto, com mudança de titularidade (buy out), por sua vez, embora em menor número, têm no entanto atraído a maioria dos recursos investidos em termos de valor global. Estas operações, em que o adquirente é um fundo e não muitas vezes uma empresa industrial estrangeira, constituíram em muitos casos a única oportunidade real para as empresas de uma certa dimensão manterem a sua sede em Itália apesar da mudança de propriedade, conservando a papel dos gerentes italianos que os dirigem. De realçar que este tipo de investimento foi o mais atingido pela crise, devido a problemas de liquidez e à reduzida possibilidade de recurso à alavancagem financeira, normalmente utilizada nestes investimentos.
As operações de investimento em jovens empresas tecnológicas (early stage), pelo contrário, têm apresentado uma tendência de recuperação contínua, que, a partir da crise do início dos anos 2000, não parou mesmo entre 2009 e 2010, quando o mercado global de private equity atingiu sua vazante mais baixa. De 2006 até hoje, de fato, o número de investimentos destinados a financiar o nascimento de novas iniciativas empresariais aumentou 71%, embora com valores absolutos ainda baixos.
Outro segmento de atuação que merece atenção é o que diz respeito às intervenções de reestruturação de empresas em crise financeira (turnaround): dado o forte aumento da demanda de um número crescente de empresas, que na atual crise vivem uma situação difícil, há um crescimento considerável potencial para esse nicho de mercado, ainda que persistam dificuldades relacionadas à regulamentação falimentar (ver gráfico 2).
A nível geográfico, embora a atividade de private equity permaneça concentrada no norte da Itália, e particularmente na Lombardia, Emilia e Triveneto, as operações na Itália Central aumentaram recentemente e surgiram alguns sinais positivos também no Sul, em parte ligados à operação dos fundos ao qual foram destinados os recursos públicos do Fundo de Alta Tecnologia para o Sul da Itália.
No que se refere à captação de novos recursos por fundos nacionais, verifica-se que em 2007 atingiu o seu máximo, ultrapassando os 3 mil milhões de euros, enquanto, após a quebra de 2009, em 2010 voltou a haver atenção por parte dos investidores institucionais, com uma orientação de capital para o mercado intermediário, energia e infraestrutura. Ressalte-se, porém, que a quase totalidade desses capitais foi de origem nacional (98%), enquanto nos anos anteriores quase metade dos recursos foi captada no exterior. Isto confirma como a incerteza do sistema económico italiano representa hoje um obstáculo para os investidores institucionais estrangeiros, aliás cada vez mais atraídos não só pelo mercado norte-americano, mas também pelos novos mercados asiáticos e agora também latino-americanos (ver gráfico 1).
Por outro lado, depois de um 2009 caracterizado pela prevalência de write-offs (abatimentos totais ou parciais das empresas em carteira), as actividades de desinvestimento de participações societárias apresentaram melhorias em 2010. Se, de facto, por um lado, escrever -offs voltaram a níveis fisiológicos do passado, por outro lado a venda a operadores industriais (trade sale) ou a outros investidores financeiros voltou a desempenhar um papel prioritário. A cotação em bolsa (IPO), por outro lado, continua a ser um canal de saída muito pouco utilizado, sobretudo pelas PME, também devido aos elevados custos a incorrer e à falta de investidores especializados em empresas de pequena capitalização (ver gráfico 3 ).
O mercado italiano de private equity e venture capital, portanto, embora ainda não tenha retornado aos valores recordes alcançados antes da crise, tem mostrado importantes sinais de recuperação nos últimos meses. Embora ainda não esteja tão desenvolvido quanto nos principais mercados europeus, ainda assim possui grande potencial de crescimento, principalmente no mid-market, e recursos disponíveis para novos investimentos no desenvolvimento de nossas empresas.
E é importante notar que a atividade dos fundos ocorre de forma competitiva no mercado, alinhada com as práticas internacionais e diferente da economia relacional que ainda caracteriza muitas outras iniciativas italianas; as operadoras se comprometem a cumprir os códigos de conduta e auto-regulação estabelecidos por sua associação AIFI e os regulamentos do Banco da Itália e Consob, mesmo que casos externos à associação, como o recente de Cape Live, indiquem que a atenção aos as regras de compliance devem permanecer sempre elevadas também neste setor de atividade.
O capital angariado pelas operadoras e ainda não investido, de facto, é igual a cerca de 8 mil milhões de euros, a que se acrescenta a parcela destinada a Itália fornecida a fundos pan-europeus, bancos e operadoras cativas, que se pode estimar em mais 2,5 bilhões de euros. Isso significa que o sistema empresarial italiano poderá se beneficiar nos próximos anos da contribuição de cerca de 1.500 novas intervenções de capital de risco de operadores de private equity, ajudando a apoiar a recuperação e reconversão de nossas empresas. Estes capitais poderão somar-se aos 21 mil milhões de euros de valor já presentes nas carteiras dos operadores e distribuídos por 1.160 empresas, cujo volume de negócios agregado representa mais de 10% do PIB italiano (ver gráfico 4).
* Presidente da AIFI (Associação Italiana de Private Equity e Venture Capital)

Comente