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Petróleo em declínio. E Descalzi (Eni) aponta para 70 dólares

Primeiro o tweet de Trump, depois a confirmação parcial da Arábia Saudita sobre o aumento da produção, por fim o fechamento de outros dois portos na Líbia destinados à exportação: o mercado reage a esses solavancos ampliando as vendas e desacelerando a alta do ouro negro em torno de US$ 80

Petróleo em declínio. E Descalzi (Eni) aponta para 70 dólares

Um tuíte de Donald Trump interrompe a alta do petróleo. O presidente norte-americano, através da sua rede social preferida, anunciou ter falado com o rei saudita Salman, recebendo garantias de que Riade vai aumentar a produção de petróleo bruto de forma a compensar a quebra de produção do Irão e da Venezuela.

A jornada da semana passada parece ter parado momentaneamente: contratos em Wti para entrega em agosto, caiu hoje para US$ 73,69 o barril, queda de 0%. Abaixo também o Brent situou-se em 78,31 dólares o barril (-1,16%) depois de ter quase tocado os 80 dólares nas sessões anteriores.

“Acabei de falar com o rei saudita Salman e pedi-lhe que, devido à turbulência e disfunção no Irão e na Venezuela, a Arábia Saudita aumentasse a produção de petróleo, pelo menos até dois milhões de barris por dia, para compensar a diferença… muito alto! Ele concorda."


Palavras que, como era de se esperar, têm causado abalo no mercado, ainda mais se levarmos em conta que o Cúpula da OPEP realizada em 22 de junho em Viena estabeleceu aumentando a produção, dando sinal verde para aumenta em apenas 1 milhão de barris. Um aumento que, no entanto, parece não ter sido suficiente, levando o preço do petróleo ao seu nível mais alto desde novembro de 2014. O WTI, em particular, ultrapassou os 74 dólares o barril, subindo 8 por cento em apenas uma semana.

Os investidores temem neste momento que os três maiores países produtores de petróleo do mundo, vize Estados Unidos, Rússia e Arábia Saudita, chegam a um acordo que prevê um novo aumento da produção para fazer baixar o preço do ouro negro, em detrimento de outros produtores como o Irão e a Venezuela que dependem muito mais desta fonte.

Deve-se enfatizar que, no mesmo contexto, a Líbia tem planejado fechar mais dois portos de onde exporta petróleo bruto: desde segunda-feira, as embarcações de Zouetina e al-Hariga, no leste do país, também foram fechadas após o fechamento dos terminais de al-Sedra e Ras Lanouf. Este novo fechamento causará perdas de 850 barris de petróleo bruto.

O CEO da Eni também falou sobre o assunto hoje, 2 de julho, Claudio Descalzi, segundo o qual com o esperado aumento da produção dos países OPEP e não OPEP, o preço do barril poderá estabilizar em torno de 65-70 dólares, nível considerado adequado, porque aumentos muito expressivos podem desestimular o consumo: “Na minha opinião – declarou Descalzi – 70 dólares está um pouco acima do preço que pode ser bom tanto para o produtor quanto para o consumidor. É claro que quem investe tem de ter uma ideia da continuidade do preço", disse, sublinhando que "neste momento a previsão é de crescimento, mas isso não é certo, porque depende de quanto a Arábia Saudita e a Rússia poderá jogar com capacidade ociosa (ou seja, estoques)".

“É claro – continuou o número um da Eni – que se conseguissem respeitar o mais um milhão de barris por dia que prometeram (o aumento previsto com base no último acordo da OPEP sobre o aumento da produção), que é então aumentado para 600.000 barris, o preço poderá se estabilizar em torno de 65-70 dólares, se isso não for feito, significará que haverá uma estabilização um pouco maior, que poderá ser de 75-80 dólares". Finalmente, Descalzi sublinhou que “o preço alto assusta até quem produz, porque reduz o consumo e leva a uma situação de sobrecapacidade. Agora os estoques estão bastante equilibrados, na verdade ficaram abaixo da média dos últimos cinco anos, então todo estímulo geopolítico gera imediatamente aumentos de preço, e há muitos estímulos geopolíticos”.

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