Mais do que uma manobra, é uma alfaiataria: um corte e costura que vê o Governo e a maioria armados com agulha, linha e tesoura, com reuniões que se sucedem a passos largos desde a madrugada. Uma manobra que parece ser costurada e costurada de hora em hora, com emendas do governo que chegam com conta-gotas, enquanto as críticas e protestos nas ruas não cessam, tanto que depois da CGIL, que já planejou a greve, até o líder da CISL, Raffaele Bonanni, no final é obrigado a dizer que se a manobra não for satisfatória o resultado será uma "mobilização geral".
O ritmo dessas horas é frenético: Tremonti e Calderoli primeiro se reúnem com o presidente do Senado e, à tarde, se trancam na sala do relator Azzollini, com a presença também do subsecretário Casero. E na comissão Azzollini está às voltas com aqueles que gostariam de apresentar outras correções ou acrescentar outras medidas: "Oh não, esta é a hora de eliminar as emendas, não de adicioná-las", ele se deixa levar ao sair da sala para um momento. E, finalmente, o ministro Tremonti ilustra na comissão o tão esperado pacote de emendas do governo: luta contra a evasão fiscal, produto do imposto Robin doado às autoridades locais, saldos inalterados.
Enquanto isso, aventa-se a hipótese de mais um recurso do governo para confiar no conjunto da manobra, que será modificada pelas emendas ou pela maxi-emenda. Em palavras, a maioria parece excluir esta eventualidade, mas não é por acaso que o vice-presidente dos senadores do PDL, Gaetano Quagliarello, falando na rádio "Baobab", afirma: "Tudo faremos para evitar a confiança". Numa altura como esta, acrescenta, “todos precisam da máxima responsabilidade”.
Mas o líder do grupo Pd na Comissão do Orçamento, Vidmer Mercatali, diz estar convicto de que o Governo vai recorrer à confiança, e o seu colega de partido Giovanni Legnini partilha da mesma opinião. E se ao final o Governo realmente confiasse, estaríamos diante da 45ª confiança total solicitada pelo Executivo em dispositivos legislativos, tendo já atingido 26 na Câmara e 18 no Senado.