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Trabalho, entre a Comissão Europeia e a região da Lombardia é um embate

A Comissão Europeia está realizando uma pesquisa sobre o Dote de Trabalho Único da Região da Lombardia, uma política ativa que colocou 2013 pessoas no trabalho desde 180 - Mas a UE teme o risco de duplo financiamento e parece orientada para a proibição de pagar por serviços com base em o resultado do emprego - O perigo é deitar fora o bebé com a água do banho com efeitos desastrosos numa experiência de política activa de emprego que tem demonstrado a sua eficácia

Trabalho, entre a Comissão Europeia e a região da Lombardia é um embate

A Comissão Europeia está a realizar um inquérito sobre o Dote Único de Trabalho (Dul) da Região da Lombardia, uma política activa de emprego que visa a prestação de serviços de emprego através de uma rede de operadores públicos e privados. Financiados pelo Fundo Social Europeu (FSE), os serviços prestados só são reembolsados ​​se resultarem numa efetiva colocação profissional de pessoas desempregadas. Os resultados confirmam a eficácia do Dul: desde 2013, mais de 180 pessoas foram enviadas para o trabalho, registando-se uma taxa de emprego dos que o utilizaram 40% superior à dos que recorreram a outros canais.

A Comissão Europeia questionou o nosso modelo com argumentos baseados na alegada risco de financiamento duplo. Ou seja, que os operadores privados recebam o reembolso previsto pelo Dul pela colocação e sejam pagos pelo mesmo serviço pelas empresas que contratam. A suspeita concentra-se sobretudo nas agências de trabalho temporário, mas também se prevê a colocação em qualquer tipo de contrato, mesmo com contrato sem termo. A Comissão parece, portanto, orientar-se no sentido de uma proibição de pagar por serviços com base no resultado do emprego.

A posição da Comissão, se fosse confirmada em toda a sua rigidez, teria, a meu ver, dois resultados possíveis, ambos desastrosos:

  1. Encerramento da Dul e passagem das políticas de emprego, pelo menos no que respeita aos serviços de colocação profissional, exclusivamente ao PES, com resultados que a experiência nos permite facilmente imaginar, mas com provável satisfação do Ministro Di Maio, do presidente do Anpal Domenico Parisi e os "navegadores", até então inativos.
  2. Proibição de os particulares utilizarem o Dul para pagamento de serviços de colocação profissional, que passariam a ser da exclusiva responsabilidade do SPE. Os indivíduos continuariam a poder recorrer ao Dul para formação, com vista a uma melhor empregabilidade. Mas para além de ser necessário alterar estruturalmente todo o modelo Dul, acordado com os Parceiros Sociais e que tinha a sua razão de ser precisamente na estreita conjugação entre formação e emprego, os Operadores ficariam inevitavelmente livres realizar formação genérica, não podendo mais finalizá-la numa saída ocupacional que caberá a outros identificar. E sim, isso me parece um uso indevido de fundos europeus e um presente para quem faz um treinamento sem qualquer confirmação de sua utilidade.

Uma solução razoável (se a Comissão voltasse à realidade e tivesse em conta que podem sempre ocorrer fraudes e burlas, como sabem muito bem em Bruxelas, por muito excelente que seja o sistema que pretendem burlar) poderia ser permitir os APLs, sem prejuízo da legislação Dul em vigor, usar a administração como um meio de emprego remunerado (talvez diminuindo a parcela de recompensas neste caso), aceitando o fato de que um contrato de administração é mais garantido e protegido do que um contrato normal por tempo determinado, portanto com um benefício para o trabalhador e um melhor resultado para o serviço de Políticas Regionais para a Obra e consequentemente um maior reconhecimento para o operador. Então que algum Operador seja pago (obviamente fora dos livros) pela empresa que contrata um trabalhador através da Dul é uma questão criminal (intermediação de trabalho ilegal) e não uma questão de regras.

A verdade é que se a Região e os Parceiros Sociais não forem devidamente apoiados pelo Governo, Bruxelas está à espreita o risco de que a primeira e mais significativa experiência de políticas públicas para o trabalho, capaz de mobilizar recursos públicos e privados com resultados concretos, deve fechar; um mau sinal no contexto geral da vontade de "mais Estado" que paira sobre o país.

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