comparatilhe

Mercados temem troca de títulos gregos

Bolsas no vermelho: há temor nos mercados de que a troca de títulos gregos não saia como o esperado - Se pelo menos 90% dos credores privados não aceitarem o corte no valor dos títulos em carteira, Atenas pode chegar a uma inadimplência descontrolada - Nesse ponto, os reembolsos em CDs seriam acionados, desencadeando um efeito dominó potencialmente catastrófico.

Mercados temem troca de títulos gregos

As dúvidas do Eurogrupo transformam-se hoje na ansiedade dos mercados: A troca de títulos do governo grego não está indo como esperado e as ações europeias caem no vermelho. Os temores sobre um possível calote descontrolado de Atenas voltam a crescer em todos os lugares, até porque na última quinta-feira os líderes da zona do euro desembolso do novo pacote de ajuda adiado ao país grego (130 mil milhões de euros), subordinando-o precisamente ao "sucesso do PSI".

A sigla significa "Private Sector Involvement", o plano que prevê o envolvimento de credores privados no resgate da Grécia. Esta é uma transação financeira sem precedentes: no fundo, os títulos do governo grego nas mãos de bancos, seguradoras, fundos de investimento, mas também aqueles nas carteiras de simples poupadores, devem sofrer um corte igual a 53,3% do valor nominal, na maioria dos casos por substituição por outras obrigações com prazos mais longos e rendimentos mais baixos. Uma verdadeira lufada de ar fresco para Atenas, que veria a sua dívida pública reduzida em pelo menos 100 mil milhões de euros.

Le as inscrições para o swap permanecerão abertas até 9 de março, então a Europa tirará as conclusões. No entanto, nada garante que o plano funcione: para falar de um verdadeiro "sucesso", o PSI deve ser aceito por pelo menos 90% dos credores privados. Mas isso não necessariamente acontece. E, surpreendentemente, a culpa pode ser dos menores investidores, os de varejo, que detêm entre 14 e 16 bilhões em títulos gregos.

Enquanto as grandes empresas já registraram perdas relacionadas a swaps em seus balanços, em muitos casos sob forte pressão institucional, os poupadores podem sair do jogo na esperança de lucrar com as restituições dos CDs. De fato, se a troca falhar, Grécia pode ser forçada a ativar cláusulas de ação coletiva (Cac), impondo prejuízos mesmo aos que não aderiram ao plano.

Nesse ponto o Isda, a associação internacional de swaps e derivativos, pode revisar a sua decisão sobre a dívida grega: enquanto a participação voluntária não representou um "evento de crédito", a falha do plano criaria um status de inadimplência que desencadearia reembolsos em swaps de inadimplência de crédito (CDS), ou seja, títulos derivativos que funcionam como seguro de vida dos títulos (neste caso, os títulos do governo grego).

O efeito dominó que se seguiria não é atualmente quantificável com precisão. Negociados no mercado de balcão (não regulamentado), os CDSs proliferaram em meio à anarquia, criando uma teia de interconexões financeiras com o potencial de perturbar diversos balanços. E não é ficção científica: já aconteceu há quatro anos com o Lehman Brothers. 

Comente