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França, cresce o embate sobre a Lei do Emprego: eis os pontos mais discutidos

Às vésperas da votação no Parlamento (o debate na Câmara começa na terça-feira, 3 de maio), a tensão aumenta na França em torno da reforma da legislação trabalhista promovida pela ministra Myriam El Khomri e contestada em parte pela própria maioria do governo - em Nos últimos dias, manifestações em todo o país causaram dezenas de feridos – Aqui estão os pontos mais disputados.

França, cresce o embate sobre a Lei do Emprego: eis os pontos mais discutidos

Confrontos violentos em toda a França para protestar contra o projeto de reforma trabalhista, o chamado “Lei de El Khomri”, que leva o nome do ministro que o propôs. Os protestos contra a Lei do Emprego à francesa voltaram a intensificar-se nos últimos cinco dias, culminando ontem à noite com a participação na iniciativa, realizada em Paris, da “Nuit Debou” (A "noite em pé"), que também contou com a presença dos sindicatos e que mais uma vez registrou violência e feridos. Em particular, na tarde de quinta-feira, uma série de manifestações (que segundo os sindicatos envolveram meio milhão de pessoas em todo o país, das quais mais de 60 em Paris) degenerou em confrontos que provocaram dezenas de feridos, alguns deles em estado grave, tanto entre os manifestantes quanto entre os policiais.

A mobilização já dura semanas (em 31 de março 1,2 milhão de pessoas foram registradas nas ruas em toda a França) e é liderada principalmente por jovens, que consideram a reforma muito desequilibrada em favor dos empresários e voltada para os precários. O governo ainda tem pouco tempo para dar conta do descontentamento popular: para os deputados hoje é o último dia para apresentar emendas, e debate na Câmara começará na terça-feira, que promete ser ardente.

Segundo notícias da imprensa transalpina, é de facto a mesma maioria governamental que sugere algumas alterações ao texto pretendido pelo ministro do Trabalho Myriam El Khomri e aprovado mais pelos industriais do que pelos sindicatos. Antes de entrar na batalha parlamentar, o novo “Código do Trabalho” já passou por debates e emendas em comissão. Aqui estão os pontos mais discutidos:

– Limitações das restrições ao direito de 11 horas consecutivas de descanso: Algumas restrições permanecerão, mas muitas já foram levantadas.

- O assim chamado acordos “ofensivos”, segundo o qual a empresa pode modificar a jornada e as condições de trabalho do empregado (mas não o salário mensal): elas só serão possíveis se assinadas por sindicatos que representem pelo menos 50% da força de trabalho da empresa. Nesse caso, se o trabalhador recusasse o acordo, poderia ser demitido por justa causa. Neste ponto será uma verdadeira batalha, diz a imprensa.

- O assim chamado demissão "barata": de acordo com o texto pretendido pelo Ministro do Trabalho, uma empresa com menos de 11 trabalhadores poderá recorrer ao layoff se o seu volume de negócios estiver a diminuir mais de um quarto (face ao ano anterior). E não é só isso: para aquelas entre 11 e 50 funcionários, serão necessários dois trimestres consecutivos no vermelho, que se tornam três para empresas entre 51 e 300 funcionários. Mais de 300 funcionários precisariam de quatro trimestres consecutivos (um ano) de perdas. Muito se discutirá aqui sobre a possibilidade, que a nova lei pretende conceder aos empresários, de demonstrarem as suas dificuldades financeiras não só através da contabilidade, mas também através da utilização de outros dados.

- A arte. 41, aquele que garante a transferência de contratos de trabalho em caso de transferência do negócio: as empresas também estão lutando contra isso, julgando-o muito favorável aos trabalhadores. No entanto, também está previsto que aqueles que recusarem a transferência serão julgados como demissionários. Para os sindicatos, essa regra poderia favorecer demissões antes da venda, e por isso a comissão passou a limitá-la a empresas com no mínimo 1.000 funcionários.

– A tributação da contratos a termo (denominado CDD): a lógica da lei é o combate à precariedade ao encarecer os contratos de curto prazo. A tributação mais elevada está prevista na forma de contribuição para o subsídio de desemprego. “Uma facada”, definiram os empresários, argumentando que o contrato a termo “faz parte do negócio e responde a necessidades sazonais ou de substituição”. Nesse ponto, porém, o primeiro-ministro Manuel Valls se expôs pessoalmente, recebendo os aplausos dos sindicatos.

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