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FOTOGRAFIA – Primeira exposição na Itália de Vivian Maier, babá de famílias americanas

Depois dos Estados Unidos, o charme de Vivian Maier está encantando a Europa. 120 fotografias, 10 filmes e uma série inédita de folhas de contato da "babá" mais famosa da América.

FOTOGRAFIA – Primeira exposição na Itália de Vivian Maier, babá de famílias americanas

Babá de famílias ricas em Nova York e Chicago desde o início dos anos XNUMX, por mais de cinco décadas ela fotografou a vida nas ruas das cidades onde morou sem nunca dar a conhecer seu trabalho. Nunca uma exposição, nem mesmo marginal, nunca uma publicação.

O que ele deixou é um imenso arquivo, com mais de 150.000 negativos, uma miríade de filmes não revelados, cópias, filmes super 8 ou 16 mm, gravações, anotações e outros documentos de vários tipos que a babá "francesa" (a mãe era originalmente dos Alpes provençais) acumulava nos cômodos onde morava, guardando tudo com muito ciúme.

Finalmente confinado a um armazém, o material foi confiscado em 2007, por falta de pagamento da renda, e depois descoberto pelo jovem John Maloof numa casa de leilões de Chicago.

A exposição no MAN em Nuoro, com curadoria de Anne Morin, criada em colaboração com a diChroma Photography, será a primeira de Vivian Maier apresentada por uma instituição pública italiana.

A partir dos materiais recolhidos por John Maloof, o projeto expositivo traça um panorama da atividade de Vivian Maier, destacando elementos-chave de sua poética, como a obsessão pela documentação e acumulação, fundamentais para a construção de um perfil artístico correto, bem como uma um biográfico.

Juntamente com 120 das mais importantes fotografias do arquivo Maloof, captadas entre o início dos anos 8 e o final dos anos XNUMX, a exposição apresenta ainda uma série de dez filmes super XNUMX e uma seleção de imagens coloridas realizadas em meados dos anos XNUMX. Desprovidos de textura narrativa e sem movimentos de câmera, os vídeos iluminam sua forma de abordar o assunto, fornecendo pistas úteis para a interpretação do trabalho fotográfico.

Já os planos dos anos XNUMX falam da mudança de visão, ditada pela transição da Rolleiflex para a Leica, que obrigou Vivian Maier a transferir a câmera da barriga para o nível dos olhos, oferecendo-lhe novas possibilidades de visão e narrativa.

A exposição será ainda enriquecida por um conjunto de folhas de contacto, nunca antes expostas, úteis para a compreensão dos processos de visão e desenvolvimento do fotógrafo americano.

Para cativar o público, antes mesmo das fotografias, está a história da “babá Vivian”, perfeita para um romance existencial ou como enredo de uma comédia agridoce; tão incomum, tão fascinante, que não parece real.

Mas além da história, além das notas biográficas, dos pequenos grandes segredos revelados pelas pessoas que a conheceram, além do seu retrato de mulher excêntrica e reservada, dura e curiosa como poucas, guardiã de um mistério ainda não revelado, além de tudo está a grande obra fotográfica de Vivian Maier, sobre a qual muito ainda há por dizer.

Vivian Maier atirou principalmente nas horas vagas e, a julgar pelos resultados, pode-se acreditar que, naquele tempo, ela não fez mais nada. Seus temas favoritos são ruas e pessoas, mais raramente arquiteturas, objetos e paisagens.

Ela fotografou o que de repente se apresentou à sua frente, fosse estranho, incomum, notável ou a mais comum das ações cotidianas. O seu mundo eram "os outros", os estranhos, os anónimos das cidades, com quem contactava por breves momentos, mantendo sempre uma certa distância que lhe permitia fazer dos sujeitos retratados os protagonistas inconscientes de pequenas-grandes histórias de nenhuma importância.

Porém, de vez em quando, em algumas composições mais ousadas, Vivian Maier se fazia visível, atravessava a soleira da cena para fazer ela mesma parte de sua história. O reflexo do rosto num vidro, a projeção da sombra no chão, a sua silhueta aparecem no perímetro de muitas imagens, quase sempre quebradas por sombras ou reflexos, com a insistência algo obsessiva de quem, juntamente com uma ideia de o mundo, ele está acima de tudo em busca de si mesmo. Nessa investigação sem fim, ela às vezes até envolveu as crianças que lhe eram confiadas, obrigando-as a segui-la pela cidade, muitas vezes em áreas degradadas de Nova York ou Chicago. A um olhar sensível e benevolente para os humildes, os marginalizados, combinava uma veia sarcástica, patente em muitos tiros roubados, que atingiam a todos, desde os burgueses ricos dos bairros nobres aos vagabundos dos subúrbios.

“Vivian Maier – afirma Lorenzo Giusti, diretor da MAN – é hoje considerada uma grande fotógrafa do século XX, comparável aos mestres da reportagem de rua, de Alfred Eisenstaedt a Robert Frank, de Diane Arbus a Lisette Model. No entanto, os grandes museus têm dificuldade em legitimar a sua obra, quer porque, em toda a sua vida, não teve uma única oportunidade de a expor, quer pela desconfiança generalizada - e legítima - da actividade dos "amadores". . Mas os museus, como sabemos, chegam sempre um pouco atrasados.

Das obras de Vivian Maier, não é só a capacidade de observação, o olhar atento a cada variação sensível do todo, a capacidade de compor e enquadrar que impressionam. O que mais impressiona é a facilidade em passar de um registro a outro, da crônica, à tragédia, à comédia do absurdo, sempre segurando o olhar com firmeza. Uma voz que ficou muito tempo fora do coro, mas sem dúvida bem afinada”.

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