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Forbes: Brasil, mas a Copa do Mundo é mesmo um acordo? O declínio da antiga locomotiva sul-americana

A Copa do Mundo, que, como se sabe, foi disputada por grande parte da população brasileira, levará – juntamente com as Olimpíadas Rio 2016 – a um ganho de apenas 0,2 ponto do PIB, compensado pelo boom da inflação: conforme observado pela análise de Euler Hermes.

Forbes: Brasil, mas a Copa do Mundo é mesmo um acordo? O declínio da antiga locomotiva sul-americana

O sentimento local já o havia pronunciado: i Brasil Copa do Mundo 2014 eu sou um fracasso. Um rombo nas finanças públicas, um favor aos patronos e aos poderosos e, sobretudo, uma oportunidade perdida para a maioria da população que não encontrou trabalho nem vantagens ali.

Isso é confirmado por diversos estudos econômicos e financeiros, além dos conhecidos protestos (pacíficos ou não) dos brasileiros que saíram às ruas na tentativa de arruinar a "festa". Não menos o de Euler Hermes, seguradora de crédito comercial internacional, segundo a qual a Copa do Mundo e as Olimpíadas marcadas para daqui a dois anos no Rio de Janeiro valerão - juntas - apenas 0,2 ponto do PIB para a agora ex-locomotiva sul-americana.

De fato, a economia brasileira já experimentou uma forte retração nos últimos tempos: após o boom de 2010, quando com um crescimento de 7,5% se tornou a sexta potência mundial, a primeira letra da sigla Brics (agora também bastante desatualizada) não sabe mais como crescer. Nos primeiros três meses de 2014, ganhou apenas 0,2% trimestralmente (ranking dos países europeus), o que dá +1,9% anualmente, destinado nas previsões de final de ano a desacelerar ainda mais para +1,8%, apesar do Mundial organizado.

Se de qualquer forma, em proporção ao crescimento esperado de 1,8, dois décimos não são tão poucos, deve-se dizer também que, segundo Euler Hermes, tudo será equilibrado porinflação, que deverá subir acentuadamente para 6,3%: custo de vida, portanto, subindo, enquanto os empregos criados desaparecerão dentro de alguns meses. 

Sim, porque a geração de empregos, em um país com muitas áreas ainda assoladas pela pobreza e com um sistema político cada vez mais corrupto, é uma das ilusões da Copa. Basta pensar na questão dos estádios, em particular o que viu - no último sábado - a entrada da Itália contra a Inglaterra. Arena da Amazônia, que como muitas outras instalações até agora nem sequer foi preenchida com torcedores, acabará se tornando um "elefante branco", como disse o próprio John Oliver, encarregado do relatório da Fifa: custou US$ 270 milhões, não verá muitos gols depois de Balotelli, pois a cidade amazônica, tão remota que não dá nem para chegar de carro, nem time de futebol tem.

Diz-se que a instalação será convertida em uma prisão, custando caro naquele momento, para um país que já gastou 11 bilhões de dólares para organizar a Copa do Mundo. Mais do que postos de trabalho, irá portanto criar – no máximo – locais de detenção, talvez para serem atribuídos a alguns dos perpetradores do crime devido às crescentes dificuldades.

E se a economia real está chorando, os mercados financeiros também não. Até uma semana atrás, o índice Bovespa di San Paolo acumulava alta de 7% desde o início do ano, que, no entanto, são apenas uma pequena recuperação dos -24% registrados em 2013, quando as ações desabaram após atingir um nível recorde no início de 2012. Já os títulos do governo brasileiro são certamente tentadores, mas apenas porque eles ganham entre 6 e 7% e isso certamente não é sinônimo de confiabilidade.

Parece, portanto, que o verdadeiro jogo do Brasil 2014 e do sucesso das Olimpíadas do Rio é jogar sobretudo com a imagem: se as coisas correrem bem do ponto de vista da eficiência (e até agora não é bem assim), o verde- e-ouro gigante fará todos pensarem novamente aqueles que questionam sua confiabilidade política. Se ele também vencer a Seleção, não há dúvida de que isso seria um força motriz mesmo extraordinária para as eleições de outubro, levantando a possibilidade de um bis de Dilma Rousseff.

Mas o maior impacto, segundo Euler Hermes, é que “a Copa do Mundo terá pelo menos o mérito de trazer à tona as contradições do país, evidenciando sua infelicidade social para além da vitrine do evento. Isso poderia convencer a classe dominante a implementar profundas reformas estruturais, o que seria de fato o verdadeiro efeito boom do Mundial”.   

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