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Emergindo, após a tempestade balanço bilateral: oportunidade de venda ou compra?

A fuga dos mercados emergentes desencadeada pelo tapering e pela desvalorização do peso levou ao colapso das bolsas da Turquia, Brasil, México e Rússia (também afetadas pela crise na Ucrânia) - Índia, África do Sul, Argentina mantiveram-se em território positivo desde o início do ano - Mas analistas estão divididos sobre estratégia 2014 - Para investidores melhor se diferenciar.

Emergindo, após a tempestade balanço bilateral: oportunidade de venda ou compra?

Balanço em claro-escuro para as bolsas de valores dos países emergentes. Desde o início do ano, não estancaram as perdas: Turquia -4,75%, Brasil -7,5%, México -6,2% e Rússia -13% também afetados pelas tensões na Ucrânia. Hong Kong (-7,6%) e Shenzhen -7,3% também são ruins. Em vez disso, conseguiram resistir às vendas: Índia +2,98%, África do Sul +1,42% Argentina +12,11%.

O tapering do Fed, as taxas de crescimento mais lentas na China, os temores gerados pela forte desvalorização do peso na Argentina e a instabilidade política na Turquia constituíram uma “tempestade perfeita”, o que provocou a fuga dos investidores dos mercados emergentes no final de Janeiro (todos os sectores dos mercados accionistas, obrigacionistas e cambiais sofreram quedas). No novo contexto de estímulos monetários reduzidos, os desequilíbrios dos países emergentes voltaram à tona após anos em que a liquidez abundante fluiu de forma bastante indiferenciada para todos os países emergentes em busca de rendimentos. Anos em que muitos, porém, ficaram ociosos diante das reformas estruturais e hoje se deparam com uma deterioração da conta corrente, aumento da inflação doméstica e queda dos rendimentos corporativos.

Diante da drástica saída de capital e desvalorização, os países mais fracos foram forçados a aumentar as taxas de juros para conter a desvalorização de suas moedas. Em um movimento surpreendente, o Reserve Bank of India elevou suas principais taxas em um quarto de ponto percentual para 8%. A Turquia, também às voltas com uma crise política, recorreu a um aumento de choque das taxas que ultrapassou as expectativas na tentativa de conter o colapso da lira: o overnight foi levado pelo banco central de 7,75% para 12% enquanto o recompra semanal, que passou a ser a nova taxa de referência, inclusive passou de 4,5% para 10%. Depois de Ancara, a África do Sul também aumentou as taxas contra todas as probabilidades: pela primeira vez desde 2008, apertou o custo do dinheiro, de 5 para 5,5%.

ESTRATÉGIA 2014: HORA DE REPOSICIONAR OU OLHAR PARA OUTRO LUGAR?

Hoje os analistas estão divididos: é hora de voltar atrás ou arriscamos um banho de sangue? Muitos acreditam que 2014 como um todo será um ano difícil, visto que a saída das políticas de estímulo monetário do Fed não é simples e está longe de terminar, ainda que já tenha começado em ritmo moderado e constante. A saída de capitais dos mercados emergentes é, portanto, um cenário que continuará a pesar nos mercados. Além disso, há quem aponte que as perspectivas econômicas pioraram e que a rentabilidade das empresas ficou pressionada. Para outros, os solavancos e a debandada representam uma oportunidade de compra. O perigo de uma crise epocal como a de 1997 (que levou ao calote da Rússia em 1988) não parece assustar tanto os especialistas. Naquela época, com câmbio fixo e o dólar como moeda de referência doméstica, os ajustes estruturais eram mais complicados. Hoje, as moedas também podem se mover fortemente, facilitando ajustes em termos de redução do déficit do balanço de pagamentos ou redução da taxa de inflação.

Se a fuga atingiu todos os emergentes de forma bastante indiferenciada, o que parece certo é que a partir de agora o tema central será o da diferenciação em termos de fundamentos (por exemplo, balança de pagamentos, solidez da moeda e contribuição das exportações para o PIB). O fecho das torneiras da Fed, ainda que a um ritmo “moderado”, vai trazer à tona as fragilidades estruturais de algumas economias emergentes num ano, 2014, de eleições para vários países emergentes, cAjudar a criar uma lacuna entre os países que conseguiram manter suas contas e os que não conseguiram. No documento “Emerging Markets Equities 2014 Outlook: O ponto de virada para mercados de ações de EM?” a empresa Natixis, por exemplo, acredita que as perspectivas para oÁsia é melhor que a da Europa, Oriente Médio e África e também comparada à América Latina, porque os países da área asiática são menos dependentes de financiamento externo devido ao maior crescimento do PIB previsto para 2014 e um superávit em conta corrente em torno de +2%. “Além disso – explica Natixis – as moedas, com exceção da Índia e da Indonésia, parecem menos vulneráveis ​​do que as de outras áreas emergentes. Nesse contexto, os mercados emergentes da Ásia aparecem bem posicionados, e começamos o ano com preferência pelo Nordeste Asiático em detrimento do Sudeste Asiático”. O consumidor, TI, serviços financeiros e serviços públicos de energia limpa da China podem se beneficiar das reformas anunciadas pelo governo. Essas reformas, se efetivamente implementadas, poderiam levar a Natixis a uma perspectiva econômica positiva para o país e resolver os problemas que causaram a queda constante das ações chinesas nos últimos 3 anos. Então há o Coréia do Sul e Taiwan que poderiam se beneficiar da recuperação da demanda nos mercados desenvolvidos. No entanto, adverte a Natixis, os obstáculos resultantes do fortalecimento do iene japonês podem prejudicar a Coreia do Sul, uma vez que pressiona a competitividade das empresas coreanas.

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