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Brasil, é hora de atrair pessoas físicas

A presidente Dilma Rousseff aprovou 66 bilhões de dólares em medidas para incentivar investimentos em infraestrutura no país que se prepara para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 - Mas a economia sofre, com PIB distante dos valores de 2010 - Sobre as exportações para o restante da América Latina são prejudicadas pela ameaça da concorrência chinesa.

Brasil, é hora de atrair pessoas físicas

Estradas, trens, portos, aviões, em uma palavra: infraestrutura. É disso que um país como o Brasil precisa: vai sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e deve se preparar para um fluxo de quase um milhão de turistas. Para isso a presidente brasileira Dilma Rousseff lançou um plano de US$ 66 bilhões (133 bilhões de reais) aumentar o investimento privado nas infra-estruturas do país. Mas, acima de tudo, Brasília reduziu de 7,38% para zero o tão discutido Imposto sobre Operações Financeiras (Iof) sobre contratos de seguros para garantir projetos de infraestrutura.

O pacote anunciado na semana passada é principalmente sobre o alongamento da linha da rodovia (de 7.500 km) e ferrovia (de 10 km) a ser distribuído por 25 anos. Porém, mais de 60% do valor (80 milhões de reais) serão gastos nos primeiros cinco anos e serão gerados pelo menos 150 mil empregos. O ministro dos Transportes já adiantou que na próxima semana o Governo vai anunciar mais um pacote para portos e aeroportos – segundo rumores da Reuters o montante ronda os 15 mil milhões de dólares. O capital vem do Bndes, o banco de fomento do estado, e deve permitir que o país volte a trilhar o caminho do crescimento.

ECONOMIA E CRISE – Na verdade, o governo brasileiro está muito preocupado com a saúde de sua economia. Nos 3 primeiros meses de 2012, o crescimento foi de apenas 0,3% em relação ao último trimestre de 2011. No primeiro semestre, o PIB do país cresceu menos que o esperado e Brasília teve que revisar suas estimativas para 2012 para baixo de 4,5 % a 2,5%. E o semanário britânico The Economist considera o crescimento de 2% "otimista". A atividade industrial está desacelerando e o índice PMI de manufatura de julho ficou abaixo da marca de 50 pontos. Também por isso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a ampliação da margem da dívida de 17 estados brasileiros para um total de R$ 42,2 bilhões em troca de investimentos pontuais em infraestrutura, saúde, transporte público, sustentabilidade ambiental e mobilidade urbana

REAL e a SACOLA – Esse contexto difícil levou o Banco Central do Brasil a continuar sua política monetária expansionista. Desde agosto de 2011, o Banco Central cortou oito vezes a taxa referencial (Selic), baixando-a para 8%. E vários analistas esperam novos cortes para dar novo fôlego à economia. O real oscila em torno de dois dólares e segue se valorizando inexoravelmente tendo perdido mais de 15% desde o início do ano frente à moeda norte-americana. Satisfação em vez do principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Bovespa, que ganhou 7,28% em um ano.

INDÚSTRIA e CHINA – Embora Dilma queira aparecer unida ao gigante asiático e aponte para a aliança com os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), na realidade a China está tirando do Brasil mercados férteis. No'último relatório da Cepal, agência das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe, destaca o quão progressivamente o país asiático tem tirado do Brasil a primazia de principal exportador no restante da região. A gigante do ouro verde continua liderando apenas as exportações nos setores "intensivos em produtos naturais", máquinas agrícolas e aviação. Mas é uma realidade competitiva com a qual, mais cedo ou mais tarde, a indústria brasileira terá de lidar.

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