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Brasil: as próximas eleições são uma incógnita para o crescimento e a inflação

A principal preocupação no plano macroeconômico é o aumento da inflação, próximo a 10%. Para combatê-la, espera-se um aumento da taxa de juros real, o que enfraquecerá a demanda por IED no Brasil. Boas notícias e oportunidades vêm da energia, com investimentos de 95 bilhões em gás natural e 68 bilhões em biocombustíveis.

Brasil: as próximas eleições são uma incógnita para o crescimento e a inflação

La pandemia de Covid-19 atingiu duramente o Brasil, causando 600.000 mortes, o segundo maior número de mortes depois dos EUA. Apesar do contexto internacional ainda favorável, segundo ISPI o processo de vacinação não será suficiente manter a atual recuperação econômica nos próximos meses. Graças a uma expansão fiscal decisiva, a contração da atividade econômica em 2020 foi contida em -4,1%. Neste momento a economia brasileira está mostrando uma recuperação robusta e este ano pode fechar com uma expansão de 5,2% do PIB, enquanto a previsão para 2022 é de uma parada em +1,5%. O crescimento será menor não só pela política monetária restritiva, mas também pela política fiscal menos expansionista: em 2020 o saldo total do orçamento público havia atingido -13,4% do PIB, enquanto em 2021 o déficit deve cair para -6,2%. A relação entre a dívida pública bruta e o PIB, que atingiu quase 100% em 2020, deverá cair para 90,6% no final deste ano. Existem fatores internos que irão causar uma desaceleração na demanda, especialmente do investimento empresarial: a combinação de uma política monetária anti-inflacionária e uma política fiscal menos expansionista, numano pré-eleitoral caracterizada por forte polarização e incógnitas sobre a estabilidade das instituições democráticas.

A principal preocupação cíclica na frente macroeconômica é o aumento da inflação, atualmente próximo de 10%, ante a meta de 3,75%. Um fenômeno que tem inúmeras causas: o aumento dos preços dos bens industriais, as restrições de oferta e a maior demanda de bens em relação aos serviços. Este último fator deve diminuir com o avanço da vacinação, embora possa surgir um problema de inflação no setor terciário. Finalmente, houve pressões sobre preços dos alimentos, combustível e eletricidade, devido a fatores como depreciação da taxa de câmbio, alta dos preços das commodities e condições climáticas adversas. Se os países avançados começarem a aumentar as taxas oficiais, o Brasil teria que aumentar ainda mais as taxas de juros ou sofreria uma saída substancial de capitais.

No passado dia 22 de setembro o Banco Central do Brasil (BCB) elevou a taxa oficial (Selic) em 1%, para 6,25%, assumindo que aumentará mais 2 pontos percentuais até o final deste ano. Segundo a autoridade monetária, essa manobra deve ser suficiente para trazer a inflação para perto da meta já em 2022. A consequência dessa medida antiinflacionária será aumento da taxa de juros real, o que enfraquecerá a demanda por investimentos empresariais no Brasil. Este fator se soma ao desincentivo que vem da incerteza do contexto político. Em outubro de 2022 será realizado o eleições presidenciais e neste momento a campanha eleitoral promete ser muito dura e polarizadora, com efeitos negativos sobre os investimentos estrangeiros diretos.

Nos últimos 12 meses a entrada de IED já foi bem menor do que em anos anteriores e o cenário mais provável não prevê melhora. A entrada total de IED no país sul-americano em 2020, de US$ 44,7 bilhões, foi 35,4% menor do que em 2019. No entanto, essa redução não impediu que o Brasil continuasse sendo o maior receptor na América Latina e no Caribe, mas globalmente caiu da sexta posição (2019), ao décimo primeiro (2020). Neste cenário, o Os investimentos italianos foram uma exceção: em 2020 graças a um novo investimento do grupo Enel, os fluxos de IED da Itália para o Brasil aumentaram 69,6%, representando 3% do total de IED recebido do Brasil.

Pioneiro na geração de energia hidrelétrica, o Brasil está hoje entre um pequeno grupo de países na vanguarda das energias renováveis ​​e sustentáveis. A matriz energética do Brasil se destaca por ser composta pela 48% de fontes renováveis, enquanto no resto do mundo esse percentual para em 14%, segundo dados do Ministério de Energia. Para os países da OCDE, estamos falando de números ainda menores, em torno de 11%. E se você olhar para a eletricidade, 85% é renovável, em comparação com uma média mundial de cerca de 28%. A matriz energética brasileira é uma das mais renováveis ​​entre as economias a nível mundial, graças à vastidão dos recursos naturais que nos permitem satisfazer a procura energética nacional. Esse processo também será facilitado pela crise hídrica e pelas inevitáveis ​​restrições do setor hidrelétrico que afetam o país. Até 20 anos atrás, 85% da energia vinha de fontes hídricas. Hoje, estamos falando de 65% e os 20% restantes foram substituídos por outras fontes e isso se deve, por um lado, à dificuldade de implantação de novas hidrelétricas e, por outro, à limitada capacidade de captação das bacias das novas usinas. É por isso e graças à presença de inúmeros recursos naturais que outras fontes renováveis ​​têm ganhado cada vez mais força.

O energia solar é a que registou o maior aumento ao longo dos anos. Devido à sua posição geográfica e proximidade com o Equador, a utilização de painéis solares permitiu reduzir significativamente os custos. Nos últimos 3 anos, a solar centralizada cresceu 200% e a distribuída, residencial, 2000%. Para o futuro, são esperados investimentos de 100 bilhões de reais, que correspondem a 28% dos investimentos previstos para o setor elétrico. No que diz respeito aos energia eólica, a capacidade instalada já corresponde a 11%, dos quais 80% estão localizados no nordeste do país que já é hoje o sétimo maior produtor mundial, enquanto se estima que nos próximos dez anos a capacidade instalada duplicar, sem considerar o enorme potencial representado pelas usinas offshore, em alto mar. No fim, as biomassas respondem por 27% de toda a energia produzida, dos quais cerca de 19% provêm do processamento da cana-de-açúcar.

Apesar disso, 52% da matriz ainda é de origem fóssil e os próximos passos serão dados precisamente neste setor, de forma a conseguir a descarbonização dos principais setores que utilizam energia fóssil: indústria e transportes. Nesse sentido, o Brasil pode desempenhar um papel importante no produção de hidrogênio verde. De fato, o país possui diversos recursos naturais que podem ser utilizados para a produção de hidrogênio verde e inúmeras empresas nacionais e multinacionais já pensam em iniciar projetos no Brasil neste setor. Segundo analistas, este é o momento ideal para investir em fontes renováveis ​​e sustentáveis. O país vive uma grave crise hídrica, com impacto direto nos custos de produção de eletricidade. A esse respeito, em PDE 2030, plano decenal de desenvolvimento energético, estão previstos investimentos no valor de 95 bilhões em gás natural e 68 bilhões em biocombustíveis.

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