comparatilhe

Mercado de ações e spreads dão votos ao rebaixamento do rating

Teste de mercado à descida do rating de Itália e à resposta que o Governo dará à Comissão Europeia até ao meio-dia sobre a manobra - Entretanto, FCA vende 100% da Magneti Marelli por 6,2 mil milhões de dólares - China abre-se a particulares e à Bolsa Mosca de troca

Mercado de ações e spreads dão votos ao rebaixamento do rating

Fiat Chrysler anunciou domingo à noite a venda da Magneti Marelli para a Calsonic Kansei, a empresa japonesa anteriormente pertencente à Nissan vendida há um ano para a Kkr. A operação, segundo as previsões, terá um valor de 6,2 mil milhões de euros e criará o grupo número 11 no mundo dos componentes. O negócio, primeira decisão da era Manley à frente do grupo, traz uma novidade: a Exor, ao contrário do que se esperava, não ficará com nenhuma participação na empresa. Uma mudança significativa de rumo em relação às estratégias de Sergio Marchionne, que repetidamente reiterou que nunca quis deixar Magneti. A nova Marelli Calsonic Kansei terá um faturamento de 15,2 bilhões de euros, um total de 200 fábricas em todo o mundo e centros de pesquisa e desenvolvimento na Europa, Japão e América.

6,2 BILHÕES NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA FCA

A transação terá um impacto significativo nas finanças do grupo: pela primeira vez em décadas, a principal subsidiária da Exor pode desfrutar de uma posição de caixa solidamente positiva.

A venda, garante o comunicado de imprensa da empresa, não terá impacto nos níveis de emprego: são 43.000 funcionários em todo o mundo, 9.981 dos quais em Itália. A sede fica em Corbetta, na província de Milão. As fábricas italianas estão no Piemonte, Campania e Emilia Romagna.

AS AUTORIDADES DE PEQUIM NO CAMPO DA BOLSA DE VALORES

Enquanto aguarda a confirmação do negócio, uma nota positiva vem da Ásia para o mercado de ações chinês, que vem sofrendo muito desde o início do ano. Sob o impulso das medidas de apoio anunciadas por Pequim, o índice CSI 300 das bolsas de Xangai e Shenzhen registou uma valorização de 4,4%. Na noite de sexta-feira, logo após a divulgação dos dados do PIB, três grandes expoentes do aparato político e econômico da China emitiram comunicados para convidar os mercados à calma, com promessas de facilitar a emissão de títulos, flexibilizar regras no setor de seguros , exortações aos fundos controlados pelo estado para comprar ações. Nas últimas horas, vários intermediários aconselharam os clientes a não contrariar as indicações de Pequim, ou seja, a suspender as negociações em baixa.

Esta manhã, as bolsas de Hong Kong (+2%), Tóquio (+0,5%) e Mumbai (+0,5%) subiram, mas mais lentamente. O iene japonês enfraqueceu, a 112,6 ante o dólar, enquanto o yuan chinês apresentou pouca variação, a 6,93 ante o dólar.

O petróleo Brent está em torno de oitenta dólares o barril: na semana passada perdeu 0,8%. O ouro atingiu seu ponto mais alto desde o verão, a 1.228 dólares a onça. O euro permanece inalterado em 1,151 em relação ao dólar,

RÉPLICA EM BRUXELAS POR 12, ESPALHADA SOB TENSÃO

O último caso de venda de uma empresa italiana, embora amplamente esperado, coincide com um momento dramático para as finanças do Bel Paese.

Até ao meio-dia, a Itália terá de enviar a resposta às conclusões da Comissão Europeia sobre a manobra. Enquanto isso, as atenções das salas de negociação estarão concentradas no spread, que na sexta-feira, antes de fechar em 306,4 pontos, atingiu um pico acima de 338, o maior em 5 anos e meio. Na manhã de sexta-feira, pela primeira vez, as tensões sobre a Itália ameaçaram infectar outros mercados do sul da Europa: as taxas dos títulos espanhóis subiram 9 pontos, os títulos portugueses 7,6, os gregos 5,3 pontos. Então, após o veredicto do Moody's, a tensão aumentou.

No final, a visão do copo meio cheio prevaleceu entre as operadoras: a Moody's não foi tão longe quanto temia para empurrar os BTPs para o círculo infernal do lixo, limitando-se a atribuir ratings Baa3 à Itália, com perspectiva estável. Outros, talvez mais numerosos, reconhecem que se deu mais um passo da descida rumo ao fundo à espera de uma nova rejeição, desta vez por parte da Standard & Poor's que se pronunciará sobre o rating do Bel Paese na próxima sexta-feira (hoje BBB).

BANCOS EM EXAME. O LEILÃO CTZ COMEÇA NA SEXTA-FEIRA

Assim começa uma nova semana de alto risco para as finanças públicas.

O setor do crédito, o mais sensível a alterações no rating, está em observação: o aumento do spread pressiona os títulos, que continuam a pesar 260 mil milhões de euros de crédito malparado.

Enquanto isso, aproximam-se os leilões de fim de mês: começam na sexta-feira com oferta de Ctz e Btpei.

DRAGÕES DITAM AS REGRAS APÓS QE

Neste clima, o evento-chave da semana financeira na Europa acontecerá na quinta-feira: a reunião da diretoria do BCE, a penúltima antes do fim do programa de compra de títulos pelo banco central. Nesta ocasião, Mario Draghi apoiará mais uma vez a linha suave na frente de taxa de juros. Mas falaremos também (ou sobretudo) da Itália, na esperança de que do cilindro de Draghi possa emergir um possível compromisso entre o governo verde-amarelo e a Comissão da UE.

O tema do Brexit está em destaque na Europa. A notícia pode chegar esta semana de Dublin, às vésperas das eleições. Mais de 700 pessoas participaram de uma marcha em Londres no sábado para pedir um novo referendo sobre a permanência de Londres na União Europeia.

LUXOTTICA COMEÇA O TRIMESTRAL

A campanha trimestral também começa na Piazza Affari. Hoje começamos com as contas da Luxottica, Gedi e Sogefi. Amanhã será a vez de Saipem e Piaggio. Consulta de quarta-feira com Moncler e Stm. Quinta-feira será a vez da diretoria da Eni e Mediobanca.

Aim viaja para Londres hoje: a conferência da lista de preços alternativos italianos será realizada na cidade. Amanhã Equita passa de Aim à lista de Estrelas.

SEMANA DE CONTAS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

Durante a semana, serão realizadas as assessorias de alguns grandes nomes da indústria automobilística: Renault, Psa e Daimler na Europa, Ford nos EUA. Uma oportunidade para fazer um balanço do estado de saúde do setor após a queda acentuada das vendas em setembro (-23,5%), na sequência da introdução de novas regras pelas autoridades europeias.

NO CALENDÁRIO OS DAVOS DO DESERTO

Outro apontamento desperta a atenção dos mercados: o provável fracasso de "Davos no deserto", o apontamento que deveria ter abençoado a decolagem da Arábia Saudita como um ímã para os interesses das grandes finanças mundiais, atraídas por rios de petrodólares.

Mas a brutal execução de Jamal Khashoggi, o jornalista saudita do Washington Post estripado no consulado saudita em Istambul, comprometeu o partido, para constrangimento de Donald Trump, em busca da quadratura do círculo: ameaçando com sanções, como também é solicitado por um grande parte do negócio, mas sem comprometer os acordos com Riad, úteis para a indústria bélica dos Estados Unidos e para os negócios da família.

O príncipe Muhammad Bin Salman, numa tentativa de acalmar as águas, disse ontem que desconhecia completamente a operação, que definiu como "um erro grave".

NO CALENDÁRIO PIB DOS EUA, CONTAS DE BEGE NOOK E AMAZON

Nos EUA, a publicação do PIB do terceiro trimestre e do Livro Bege está prevista para esta semana.

Em Wall Street, as atenções estarão voltadas para os relatórios trimestrais dos gigantes da nova economia: Alphabet, Amazon e Microsoft.

Comente