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Berlusconi na tempestade: "Se passar o presidencialismo, Mattarella deveria renunciar"

Silvio Berlusconi levanta a hipótese da renúncia de Mattarella no caso de aprovação do presidencialismo desejado pela centro-direita e desencadeia uma tempestade: "É uma autocandidatura óbvia" troveja Enrico Letta e Calenda acrescenta: "Berlusconi não está em si mesmo"

Berlusconi na tempestade: "Se passar o presidencialismo, Mattarella deveria renunciar"

Ao perceber a autoria de suas declarações sobre o presidencialismo e os efeitos sobre o atual Chefe de Estado, Silvio Berlusconi ele tentou, como sempre acontece com ele, retirar a mão e correr para se esconder, mas agora a omelete estava pronta. Mas o que exatamente o presidente do Forza Italia disse para desencadear a tempestade? Falando do presidencialismo, que é uma bandeira do programa de centro-direita, Berlusconi disse: "Se a reforma presidencial entrar em vigor, a renúncia de Mattarella seria necessária para ir à eleição direta do Chefe de Estado que, coincidentemente, ainda poderia ser ele". Então, percebendo as suspeitas levantadas por suas palavras, Berlusconi tentou reduzir suas próprias declarações: "Eu nunca ataquei Mattarella. Eu disse o óbvio: uma vez aprovada a reforma, sua renúncia seria necessária. Quem me atribuir qualquer outra coisa está de má fé”.

PRESIDENCIALISMO NÃO PODE SER GOLPE

Mas o que Berlusconi não entende ou finge não entender é que uma reforma da Constituição tão delicada como o presidencialismo não pode ser feita às costas e isto é, apenas com os votos da centro-direita, mas exigiria um amplo consenso com o adopção - como recorda sempre o ex-juiz do Tribunal Constitucional, Sabino Cassese – dos contrapesos necessários e com a preocupação de tirar as dúvidas de que, em caso de vitória eleitoral, a centro-direita quer tentar o grande golpe e conquistar, além de Palazzo Chigi, também o Quirinale. E há um ponto muito delicado em relação ao timing, a saber: admitido e não admitido que a centro-direita consiga aprovar o presidencialismo, a renúncia de Mattarella deve ocorrer imediatamente ou ao final do atual mandato? É um ponto crucial.

REAÇÕES MUITO DIFÍCEIS CONTRA BERLUSCONI POR LETTA E CALENDA

Na ausência destes esclarecimentos e da delicadeza que o assunto exige, é óbvio que as palavras de Berlusconi vão desencadear a tempestade e que alguém ponha a dúvida de que na realidade o chefe da Forza Italia aspiraria, como há muito tempo aspira, a tornar-se ele próprio o novo Presidente da República. Já Mateus Renzi, nos últimos dias, havia defendido que certamente podemos falar de presidencialismo mas antes de tudo precisamos esclarecer de que presidencialismo estamos falando, acrescentando que, segundo ele, mais do que eleger pelo voto popular e fortalecer os poderes do Presidente da a República, na realidade deveríamos reforçar os poderes do Primeiro-Ministro.

Contra Berlusconi o secretário do Pd, Enrico Letta, foi muito dura: "Berlusconi fala pouco, mas hoje fala de Colle: é uma autocandidatura óbvia" e o presidencialismo de centro-direita seria "um erro grave para o nosso país". E Carlos Calenda acrescenta: "Berlusconi não é ele mesmo"

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