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Berenice Abbott, Topografias na Sardenha

O MAN Museum tem o prazer de apresentar a primeira exposição antológica na Itália (aberta até 21 de maio de 2017) dedicada a Berenice Abbott (EUA, 1898-1991), uma das protagonistas mais originais e polêmicas da história fotográfica do século XX.

Berenice Abbott, Topografias na Sardenha

Terceira de um grande ciclo dedicado à fotografia de rua, a exposição do MAN de Nuoro, com curadoria de Anne Morin, apresenta, pela primeira vez na Itália, uma seleção de oitenta e duas impressões originais feitas entre meados dos anos vinte e início do anos sessenta. Dividida em três macro-seções – Retratos, Nova York e Fotografias Científicas – a exposição resgata o grande talento de Berenice Abbott e oferece um panorama geral de sua variada atividade.

Nascida em Springfield, Ohio, em 1898, Berenice Abbott mudou-se para Nova York em 1918 para estudar escultura. Aqui ele entra em contato com Marcel Duchamp e Man Ray, principais expoentes do movimento Dada. Com Man Ray, em particular, ela forma uma amizade que a levará a segui-lo até Paris e trabalhar como sua assistente entre 1923 e 1926.

Datam deste período os primeiros retratos fotográficos dedicados aos grandes protagonistas da vanguarda artística e literária europeia, de Jean Cocteau a James Joice, de Max Ernst a André Gide. Retratos que – segundo muitos intérpretes – constituem o canal expressivo através do qual Berenice Abbott – uma lésbica declarada, numa época ainda longe de aceitar a homossexualidade feminina – conta a sua própria dimensão sexual.

Abbott afastou-se do estúdio de Man Ray para abrir seu próprio laboratório de fotografia – frequentado por um círculo de intelectuais lésbicas e artistas como Jane Heap, Sylvia Beach, Eugene Murat, Janet Flanner, Djuna Barnes, Betty Parson – já em 1926 expôs suas próprias retratos na galeria “Le Sacre du Printemps”. Foi nessa época que entrou em contato com o fotógrafo francês Eugène Atget, conhecido por suas imagens das ruas de Paris, destinadas a captar o desaparecimento da cidade histórica e as mutações da paisagem urbana.

Para Abbott, é um ponto de virada. A fotógrafa decide abandonar as pesquisas até então realizadas e fazer sua a poética do negligenciado Atget – de quem, com sua morte, comprará grande parte do arquivo, tornando-o conhecido na Europa e nos Estados Unidos. States – dedicando-se, a partir desse momento, à história da metrópole de Nova York.

Todos os anos trinta, após o regresso aos Estados Unidos, são de facto dedicados à criação de um único grande projecto, destinado a registar as transformações da cidade após a grande depressão de 1929. A sua atenção centra-se na arquitectura, na expansão urbana e nos arranha-céus que gradualmente substituem os edifícios antigos, bem como nas lojas e letreiros. O resultado é um volume, um dos mais famosos da história da fotografia do século XX, intitulado “Changing New York” (1939), que reúne uma extraordinária série de fotografias caracterizadas por fortes contrastes de luz e sombra e ângulos dinâmicos, para realçam a potência das formas e o ritmo interno das imagens.

Em 1940, Berenice Abbott tornou-se editora de imagens da revista Science Illustrated. A experiência adquirida nas ruas de Nova York a levará a olhar com outros olhos as imagens científicas, que se tornam para ela um espaço privilegiado de observação da realidade para além da paisagem urbana. Alinhada com a investigação artística contemporânea sobre a abstração, Berenice Abbott realiza então uma série de fotografias de laboratório, centradas no dinamismo e no equilíbrio das formas, com resultados extraordinários.

A exposição Topografias no Museu MAN, criada graças à contribuição da Região da Sardenha e da Fundação da Sardenha, narra as três principais fases da produção fotográfica de Berenice Abbott através de uma rica seleção de planos, entre os mais famosos de sua produção, e material documental de seu arquivo.

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