Há algumas semanas, o presidente da Confindustria invocou a limitação do uso de dinheiro entre as medidas para permitir o relançamento da economia. O dia 30 de julho poderia ter sido o dia, há muito esperado por muitos players dos setores bancário e de telecomunicações, para o desenvolvimento dos serviços de pagamento por meio de dispositivos móveis: as expectativas parecem ter sido frustradas. O Banco da Itália finalmente emitiu, depois de quase um ano de gestação, o dispositivo de implementação que deveria desenvolver este setor, mas parece ter estado mais atento a regular um serviço do que a abrir o mercado.
A disposição da Via Nazionale é a peça mais recente de uma série de inovações regulatórias que deveriam liberalizar o sistema de pagamentos. Tudo começou em Bruxelas, onde a Comissão criou primeiro a SEPA (Single Euro Payments Area) e depois emitiu a diretiva PSD (Payment Services Directive, sobre serviços de pagamento). A Itália implementou o PSD através do decreto legislativo 11/2010, no qual a redação de todas as disposições de implementação foi remetida para Bankitalia.
O Parlamento, portanto, confiou ao Banco da Itália, como regulador do setor, a tarefa de criar as regras que deveriam permitir o nascimento desse novo mercado. Os potenciais players nesta chave esperavam um impulso à difusão de instrumentos de pagamento alternativos aos tradicionais: operadoras de telefonia, grande comércio varejista, empresas municipais, associações de comerciantes, todos aguardando uma disposição que criasse as condições para sua entrada nesta novo Mercado.
Mas o setor foi realmente liberalizado? A nova figura do Instituto de Pagamentos, apresentada pelo PSD, pode mesmo ser considerada como concorrente das actuais instituições financeiras? A disposição do Banco da Itália deveria ter definido de forma mais clara o contexto regulatório, dentro do qual a nova figura da instituição de pagamento poderia ter desenvolvido sua atividade de forma competitiva.
Uma oportunidade de criar um enquadramento que favorecesse a entrada de novos players, aumentasse a concorrência e, em última análise, criasse benefícios para os consumidores, mas a oportunidade parece ter sido, esperamos, apenas adiada. Conforme se pode ler no documento síntese, das principais observações recebidas durante a fase de consulta, foram considerados não pertinentes para a medida em causa os elementos que poderiam ter assegurado a igualdade nas condições concorrenciais. É o caso, só para citar alguns, do pedido de garantia de igualdade de acesso ao mercado e às infraestruturas de pagamentos existentes, geridas pelo sistema bancário; o alargamento dos serviços de pagamento móvel a todos os tipos de pagamento e não apenas aos micro; de acesso à Central Interbancária de Alarmes que permite verificar a confiabilidade e o nível de risco do seu cliente.
Segundo estimativas da Open Gate Italia, que nas últimas semanas concluiu um estudo sobre mPayment para a Fundação Ugo Bordoni, o mercado na Itália pode valer cerca de 3 bilhões de euros em 2015, mas acima de tudo pode trazer enormes recursos para os cofres do Estado (aprox. 20 biliões da emergência dos não declarados e 10 biliões da redução dos custos de caixa). Números interessantes, não só nestes tempos em que todos os estímulos ao desenvolvimento são preciosos e que dão esperanças de que a ocasião só será adiada até que as entidades reguladoras interpretem cada vez mais o seu papel de promotores da concorrência e não de concorrentes.