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Svimez: "O Sul está cada vez mais pobre, está despovoando"

Segundo o relatório sobre o sul da Itália, a brecha entre o norte e o sul do país voltou a aumentar dramaticamente: números impressionantes em empregos, investimentos e serviços públicos.

Svimez: "O Sul está cada vez mais pobre, está despovoando"

A cisão entre o norte e o sul da Itália está se alargando cada vez mais, e o fenômeno da emigração para as regiões do norte é novamente atual. O quadro cada vez menos edificante é traçado pelo relatório Svimez, segundo o qual o Mezzogiorno italiano está mesmo a despovoar, sobretudo nas cidades mais pequenas, que vivem uma verdadeira "hemorragia de habitantes". Segundo adiantamentos divulgados à imprensa, foram mais de 2002 milhões os emigrantes do Sul entre 2017 e 2, dos quais 132.187 só em 2017. Destes últimos, lemos: “66.557 são jovens (50,4%, dos quais 33% são universitários)”. O saldo migratório interno, líquido de regressos, “está negativo em 852 mil unidades – continua Svimez -. Em 2017, 132 sulistas partiram, com saldo negativo de cerca de 70 mil unidades”. A recuperação dos fluxos migratórios é “a verdadeira emergência do sul, que nos últimos anos se estendeu gradualmente ao resto do país”.

ECONOMIA EM RECESSÃO

As razões da nova vaga de êxodos são bem conhecidas mas não menos alarmantes: a economia que volta a ver o espectro da recessão, a lacuna de emprego face a outras zonas do país que volta a afundar-se, a falta de serviços a par dos padrões apreciados por outros compatriotas. “Na desaceleração progressiva da economia italiana – explica Svimez -, a fenda territorial foi reaberta o que levará a uma tendência oposta entre as áreas, fazendo com que o Sul volte a mergulhar na recessão da qual saiu muito lentamente". Segundo Svimez, em 2019 “a Itália registará uma estagnação substancial, com um crescimento muito ligeiro do PIB de +0,1%. No Centro-Norte deve crescer ligeiramente, apenas +0,3%. Já no Sul, a tendência esperada é de -0,3%”. Em termos de investimentos, apenas o setor da construção civil apresentou estabilidade no último ano, enquanto os das empresas de máquinas e equipamentos pararam, com desaceleração muito forte em relação ao ano anterior: +0,1%, contra +4,8% no Centro-Norte.

TRABALHO

As dificuldades económicas em sentido lato conjugam-se com o agravamento da situação do emprego. Svimez estimou que a diferença de emprego entre o Sul e o Centro-Norte (calculada pela multiplicação da diferença entre as taxas de emprego específicas das duas divisões pela população do Sul) em 2018 foi igual a 2 milhões 918 mil pessoas, líquido das forças armadas. Os setores em que há maiores lacunas são serviços (1 milhão e 822 mil unidades, -13,5%), indústria propriamente dita (1 milhão e 209 mil trabalhadores, -8,9%) e saúde, serviços domésticos e outros serviços (que no geral têm um gap de cerca de meio milhão de unidades). A taxa de emprego feminino no Sul e Ilhas ainda é muito baixa, apenas 2018% em 35,4, contra 62,7% no Centro-Norte, 67,4% na UE28 e 75,8% na Alemanha.

SERVIÇOS PÚBLICOS

Diante desse quadro, a mão do público não afeta. “O enfraquecimento das políticas públicas no Sul afeta significativamente a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos”, diz o relatório. Se você olhar para a saúde, por exemplo, são 28,2 leitos comuns para cada 10 mil habitantes no Sul, contra 33,7 no Centro-Norte. Esta lacuna torna-se macroscopicamente mais ampla no setor da previdência social, em que as regiões do sul ficam defasadas sobretudo nos serviços para idosos. Com efeito, por cada 10 utentes idosos com mais de 65 anos, 88 beneficiam de assistência domiciliária integrada com serviços de saúde no Norte, 42 no Centro e apenas 18 no Sul. Ainda mais dramáticos são os dados relativos à construção de escolas. Em comparação com uma média flutuante de cerca de 50% dos complexos escolares do Norte que possuem o certificado de usabilidade ou habitabilidade, no Sul são apenas 28,4%. Além disso, enquanto nas escolas primárias do Centro-Norte o tempo integral para os alunos é uma constante em 48,1% dos casos, no Sul cai para 15,9%.

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