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Renzi: as reformas são o motor do crescimento?

Muitos querem boicotar as reformas por motivos políticos, ou seja, para constranger Renzi e obrigá-lo a negociar a divisão das cadeiras - os parlamentares deveriam, ao contrário, encurtar os tempos do debate, dando-se prazos precisos para chegar à votação final e trabalhar, se necessário, também sábado e domingo.

Renzi: as reformas são o motor do crescimento?

Não é tanto Renzi quem tem pressa, mas é a Itália que precisa fortalecer os primeiros sinais tímidos de recuperação econômica e consolidar o retorno da confiança que se manifesta a cada dia mais por parte dos investidores italianos e internacional. Os juros estão caindo, a recuperação dos bancos parece ter entrado na reta final do longo e tortuoso caminho iniciado há cinco anos. Depois de tantos trimestres desastrosos, a produção industrial e a demanda interna seguem em sinal positivo. Os preços da energia caíram, enquanto a inflação em geral é tão baixa (apenas 0,5%) que não se pode imaginar nenhuma outra queda nos preços. De fato, um movimento "não convencional" do BCE é aguardado com ansiedade para tentar trazer a tendência de preços de volta à meta anual de 2%.

As reformas implementadas por Matteo Renzi estão desempenhando um papel fundamental para fortalecer a mudança de expectativas em relação ao nosso país. E entre elas contam-se certamente as do mercado de trabalho e as relativas ao corte da despesa pública e à redução da carga fiscal, mas sobretudo as reformas relativas ao quadro institucional estão a ter forte impacto: a extinção do Senado e a reforma das autonomias dos governos locais, além da lei eleitoral necessária para garantir maior estabilidade governamental.

Mas, como costuma acontecer na Itália, a polêmica aumenta. E dizem respeito não tanto aos aspectos certamente melhoráveis ​​dos projectos até agora aprovados pelo Conselho de Ministros, mas precisamente à estrutura geral das reformas, valendo-se de teoremas gerais francamente ridículos na medida em que são infundados. Fala-se de uma “virada autoritária”, de “perigos para a democracia”, de um descompasso com o que se vê como uma potencial ditadura da maioria e em particular do primeiro-ministro.

Nesse sentido vão as críticas verdadeiramente inusitadas do presidente do Senado Pietro Grasso e de um grupo de intelectuais (Rodotà, Zagrebesky, Spinelli), que publicaram um manifesto em defesa da "mais bela constituição do mundo", sem levar em conta conta que essas regras levaram o país não só à paralisia decisória, mas a um passo do verdadeiro colapso do aparelho de Estado.

Surpreendem as críticas de Pietro Grasso, magistrado recém-chegado à política por indicação do então secretário do Partido Democrático, Bersani, que ataca um dos pontos centrais do projeto de Renzi, a saber, a não eleição popular de futuros senadores que serão nomeados pelas autarquias locais. É claro que um Senado eleito pelos cidadãos tenderia a repropor os atuais mecanismos de bicameralismo perfeito, responsáveis ​​não só pela morosidade do nosso processo legislativo, mas também pela má qualidade das leis.

Desta forma, Grasso, que como presidente deveria ser super partes e, portanto, não assumir cargos políticos, deu voz aos muitos malpancisti do Partido Democrata, estes últimos que parecem incapazes de formular qualquer crítica construtiva às propostas do secretário do partido, mas limita-se a resmungar contra sua impetuosidade, invocando fórmulas vazias como o direito ao debate, ou o perene "benaltrismo", ou a simples necessidade de pensar bem antes de lançar reformas tão incisivas em nosso ordenamento jurídico. Mas se possíveis mudanças na Constituição vêm sendo estudadas há trinta anos, dizer que precisamos voltar a pensar no assunto é no mínimo suspeito!

Enquanto as atenções de todos estão voltadas para a reforma do Senado, parece ainda mais importante o redesenho das autonomias locais, das quais uma série de matérias são retiradas, trazendo-as de volta à competência estadual. E aqui também as críticas ao decisionismo centralista são inúmeras. Mas se as Regiões fossem (com algumas exceções) as verdadeiras responsáveis ​​pela explosão dos gastos públicos e pela paralisia decisória causada pela confusão e sobreposição de competências!

Parece claro que muitos querem boicotar as reformas por motivos políticos, isto é, para embaraçar Renzi e obrigá-lo a negociar a divisão das cadeiras, ou por motivos ideológicos, porque não conseguem ver as necessidades de uma democracia moderna funcional. É diferente a atitude daqueles que, como Monti e Lanzillotta, mas também D'Onofrio, destacam algumas questões que não tocam no quadro geral da reforma, mas poderiam melhorar sua eficácia. Nesse sentido vão as propostas que tendem a ampliar a audiência de possíveis senadores para incluir representantes da sociedade civil, diminuindo o peso da classe política local que nos últimos anos certamente não tem brilhado pelo acerto e pelos resultados alcançados.

Em última análise, dada a grande atenção com que todos os observadores internacionais olham para o que a Itália está fazendo para ajustar seu sistema institucional e econômico às necessidades da competitividade moderna, quem tiver a coragem de boicotar as reformas e empurrar o país de volta para o buraco negro de nações não confiáveis do qual é melhor ficar longe? Quem se responsabilizará por congelar os primeiros brotos de recuperação que começam a ser claramente visíveis? Ao contrário, diante das dramáticas urgências do país e do descrédito das instituições, os parlamentares devem abreviar os tempos de debate, dando-se prazos precisos para chegar à votação final e trabalhando, se necessário, também aos sábados e domingos, conforme na verdade, muitos cidadãos são forçados a fazer para complementar seu magro salário.

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