Seja como for, o resultado das urnas (Nápoles e Milão na frente) está destinado a pesar muito no destino do Governo e no futuro do Legislativo. Os últimos movimentos de Berlusconi na campanha eleitoral mostram que a maioria está em apuros: a aliança com a Liga foi duramente testada, os responsáveis esperam cada vez mais a designação de novos subsecretários. Em suma, quem mais precisa de boas notícias das urnas nas capitais da Lombardia e da Campânia é o primeiro-ministro. No entanto, deu a impressão de querer enfraquecer ao máximo o significado político dos resultados eleitorais. Exatamente o oposto do que ele havia feito no primeiro round.
Assim, foi à televisão explicar que mesmo que, pela debilidade dos candidatos, a centro-direita não vença, o Governo não será afetado e poderá avançar com um amplo plano de reformas, que começa com da Justiça e da Fazenda. No dia seguinte, ele então quis anunciar (à margem de uma cúpula internacional) a um atônito presidente dos Estados Unidos que na Itália há quase uma ditadura de juízes de esquerda. Comportamentos, como se vê, se não esquizofrênicos, ao menos bizarros. Não sabemos o quanto Lettieri e Moratti ajudaram em seus respectivos desafios com De Magistris e Pisapia. Por outro lado, nas últimas horas existe um otimismo generalizado entre os partidos de centro-esquerda sobre o resultado das urnas. No entanto, isso ainda não corresponde a uma indicação clara de uma alternativa política sobre a questão do Governo.
Bersani dá a entender que, se Berlusconi perder, seria melhor ir à votação o quanto antes. Uma forma de deixar a bola no campo da maioria onde há um clima de todos contra todos. Com a Liga até pedindo greve fiscal se alguns ministérios não forem para o Norte, enquanto no Pdl tem-se a impressão de que muitos estão se reposicionando diante do período pós-Berlusconi, que este último situa porém apenas no final do Legislativo.
Será possível neste contexto levar por diante o vasto plano de reformas que o primeiro-ministro evoca, pelo menos como anúncios, com continuidade? Talvez. Mas apenas em caso de bom resultado para os partidos do governo. Por isso, ainda que se trate de eleições administrativas, o voto de Milão e Nápoles condicionará o futuro do Governo, da maioria e do Legislativo. Enquanto isso (e isso não é um sinal pequeno) a Liga se mostra cada vez mais intolerante em ir às eleições em aliança forçada com o PDL, o que também pode acionar a possibilidade de mudança da lei eleitoral. A partir da próxima terça-feira, com as urnas fechadas, muita coisa pode mudar.