Os trens de alta velocidade de Italo se tornam americanos. No final da noite de ontem, pouco antes do final do prazo da meia-noite, o conselho de administração da Ntv, que administra os trens de Italo, deu luz verde definitiva aooferta de compra do fundo americano Global Infrastructure Partners (Gip) liderada pelo lendário Adebayo Ogunlesi, o empresário de origem nigeriana que faz parte de vários conselhos, incluindo o do Goldman Sachs.
Para garantir a Ntv, o fundo americano vai pagar 2 mil milhões de euros mais 450 de dívida, chegando assim a cerca de 2,5 mil milhões de euros no total. O relançamento da Gpi levado a cabo durante o conselho de administração foi decisivo: face à divisão do conselho entre accionistas que queriam aceitar a oferta original dos americanos de 1,9 mil milhões (incluindo Intesa Sanpaolo e Bombassei) e accionistas que pelo IPO no final do mês do qual esperavam obter um lucro maior, o aumento do Gip de 1,9 para 2 bilhões (mais dívida) tirou todas as dúvidas.
Sim, portanto, à oferta do fundo americano e não mais listagem na Bolsa, apesar de o ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, e o ministro da Infraestrutura, Graziano Delrio, também terem se manifestado a favor dessa segunda opção.
Assim muda de bandeira a segunda operadora ferroviária italiana que nasceu em 2006 e que, apesar do obstrucionismo inicial dos Caminhos de Ferro Estatais então liderados com uma mentalidade monopolista por Mauro Moretti, ganha cada ano mais espaço entre os passageiros e alarga a sua oferta mas acima de tudo, ele redescobriu o lucro após anos de sofrimento. Grande parte do crédito pela recuperação e relançamento vai para o atual CEO Flavio Cattaneo, que também é acionista e que os americanos querem manter no comando da empresa junto com o presidente Luca Cordero di Montezemolo. Aos acionistas italianos foi oferecida a possibilidade de recomprar ações da Italo até 25% do capital.
A entrada em vigor na Europa e sobretudo em Itália de um fundo americano muito dinâmico especializado em infraestruturas é um elemento novo e, se não subverter os critérios de gestão e as regras da Italo-Ntv, poderá representar um novo estímulo à concorrência para o benefício dos viajantes e um alerta para as Ferrovias Estaduais que adiaram por muito tempo o desembarque na Bolsa de Valores.
Por outro lado, não há necessidade de rasgar a roupa para a mudança de bandeira de Italo em nome de um nacionalismo econômico anti-histórico. Defender os ativos estratégicos do país é sacrossanto, mas só se realmente o forem, mas nas ferrovias estratégicas só existe a malha, que continua sendo propriedade das Ferrovias Estaduais, controladas pelo Tesouro: entre as empresas gestoras é certo, ao contrário, que o pluralismo e concorrência em benefício dos consumidores. E nesta frente deve-se reconhecer que a Itália está na vanguarda da Europa.