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Grécia, hoje o novo plano. Boom do dique. Euro para cima

A frenagem da locomotiva dos EUA congela os mercados e reabre as taxas desconhecidas – O euro se recupera em relação ao dólar e o Bund alemão sobe – Hoje Atenas apresenta o novo plano de reforma – Mediaset entre Murdoch e Vivendi – Skid the car – Esta manhã l Reunião Generali em Trieste – Eni melhor que o esperado – Amplifon contrariando a tendência.

Grécia, hoje o novo plano. Boom do dique. Euro para cima

A desaceleração da economia dos EUA cai como um raio nos céus já obscuros dos mercados. Na sequência da notícia, o dólar acelerou a sua descida para 1,119 face ao euro, que regressou ao máximo de dois meses, e face ao iene, 118,87. Daí uma queda nas Bolsas de Valores, mais massiva na Europa e no Japão do que nos Estados Unidos. 

ÁSIA PARA BAIXO, DESLIZAMENTO DE TERRA EM FRANKFURT, MILÃO -2,2%

Em Tóquio, a Bolsa começa a fechar com uma queda de cerca de dois pontos percentuais. Hong Kong também está se segurando (-0,83%). Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 0,41%, o S&P 500 cerca de 0,4% e o Nasdaq 0,63%. Entretanto, a fraqueza do dólar pressionou os preços do petróleo, com o americano WTI a subir 2,2% para 58,3 dólares o barril e o Brent para 65,6 dólares (+1,5%). 

As perdas mais maciças registaram-se na Europa, assustada com a recuperação do euro que arrisca pôr em causa as bases de uma frágil recuperação, que para já assenta quase exclusivamente nas exportações. As comportas abriram-se assim nas bolsas de valores de Milão, Paris e Frankfurt. Na Piazza Affari, o índice FtseMib caiu ontem 2,2%, a bolsa francesa fechou em baixa de 2,5%, a alemã chegou a perder 3,2%.

FED NÃO REGRA AUMENTO DAS TAXAS, MERCADOS SIM

O comunicado da Fed, divulgado ontem à noite no final dos trabalhos do comité monetário, atribui o abrandamento da economia norte-americana (+0,2% no primeiro trimestre, contra a previsão de 1%) maioritariamente a “fatores temporários”. O banco central, portanto, mantém uma janela aberta para um possível aumento de juros em junho "no caso de melhorias no mercado de trabalho e inflação subindo para a meta de 2%". 

Mas os mercados dão como certo que o aumento, se houver, não chegará antes do outono, ou mais facilmente no final do ano. Assim, em resumo, a declaração do Fed no final da reunião do comitê monetário. Para além da conjuntura sazonal (inverno frio, greves nos portos) a causa mais significativa da paragem do crescimento foi a valorização do dólar que se traduziu numa quebra das exportações (-7,2%).

BTP 10 SOBE PARA 1,50%. HOJE O NOVO PLANO DE ATENAS

Também a condicionar o estado de espírito dos mercados europeus esteve a subida dos Bunds alemães seguida da subida paralela da dívida soberana da “periferia”. O título alemão de dez anos subiu 9 centavos, a alta diária mais significativa desde dezembro de 2013. A faísca que acendeu o movimento, segundo operadores do mercado secundário, foi o resultado do leilão de títulos de 5 anos: eles foram colocados Bobl por 3,27 bilhões contra os 4 bilhões oferecidos. O fenômeno também se transmitiu às emissões italianas: ao final do dia, o yield do BTP de dez anos era de 1,50%, com spread de 122. 

Como de praxe, os mercados foram influenciados pela Grécia, que se prepara para apresentar a nova minuta da lista de reformas aos credores internacionais. Mas o revés do mercado foi explicado pela abundância de oferta (ontem os leilões do Tesouro italiano fecharam com a colocação de BTPs a 5 e 10 anos em condições ligeiramente ascendentes) e pela queda das yields das obrigações alemãs, agora negativas até sete anos. Nos últimos dias, Bill Gross, um dos gestores mais influentes do mercado de títulos, havia previsto o estouro da "bolha do Bund", uma oportunidade para ricos lucros especulativos. 

SKIDS DE CARRO: FCA -4,7% VOLKSWAGEN -3,4% 

A chuva de vendas atingiu os setores mais expostos às exportações, a começar pelo automotivo: o índice Stoxx do setor registra queda de 3%. A Fiat Chrysler, a pior blue chip do dia, pagou o preço com perda de 4,7% no dia da reunião trimestral aprovada pelo Conselho de Administração realizada no Brasil. O período fechou com um Ebit de 792 milhões de euros, abaixo do consenso dos analistas (810 milhões), sobre receitas de 26,4 bilhões, acima das estimativas. 

A dívida industrial líquida no final de março ficou em 8,6 bilhões, ligeiramente acima das expectativas, a liquidez foi de 25,2 bilhões. O lucro líquido (92 milhões de euros) é menor do que o previsto (200 milhões). As metas de 2015 já comunicadas foram confirmadas. Juntas, Ferrari e Maserati alcançaram um Ebit de 137 milhões de euros. A Volkswagen (-3,4%) também fechou em baixa, apesar dos ganhos significativamente melhores do que o esperado.

Em vez disso, a Cnh Industrial (-1,26%) se defende: a Iveco Bus foi escolhida pelo Ministério da Defesa francês para o fornecimento de 150 ônibus. No entanto, o dia foi difícil para todo o setor industrial da Piazza Affari: Finmeccanica -3,9%, StM -3,1%, Prysmian -3,8%.

FREIOS MEDIASET. PIER SILVIO ABRE ACORDOS COM MURDOCH E VIVENDI

Inversão de marcha para a Mediaset (-3,1%) fechando após uma alta matinal (até um máximo de 4,83 euros). Durante a reunião de ontem, o vice-presidente do grupo, Pier Silvio Berlusconi, negou que haja negociações em andamento para transferir o controle da Mediaset para a Sky, mas não descartou a transferência de participações minoritárias. O vice-presidente acrescentou ainda que com a Vivendi como principal acionista da Telecom Italia, existe a possibilidade de trabalharmos juntos.

Segundo os analistas do Mediobanca, está prestes a iniciar-se um processo de consolidação no sector europeu dos media. Em um relatório do banco milanês, lemos: "Acreditamos que a Mediaset poderia representar uma opção estratégica interessante para a Vivendi, sendo um grupo de mídia & conteúdo, que permitiria aos franceses entrar diretamente no mercado italiano - lembramos também que a Vivendi tornar-se o principal acionista da Telecom Italia com 8% do capital social”.

Telecom Itália inalterada. O mercado gosta do boato de que Vincent Bolloré está pensando em aumentar a participação da Vivendi na empresa em até 30%. 

BANCOS MAL E ADMINISTRADOS. OS GERAIS DEFENDEM

No setor financeiro, a Generali se defende melhor do que todos (-1,3%), às vésperas da assembleia de acionistas. A empresa recebeu um aumento de rating da Société Générale para não vender, com o preço-alvo passando de 16 euros para 18 euros. Por outro lado, foi um dia difícil para a poupança gerida, após o avanço de terça-feira. 

Mediolanum perde 4,5%, apesar dos excelentes dados do trimestre. O lucro aumentou 70% ano a ano, para US$ 137 milhões. Por trás do aumento está uma aceleração nas taxas de administração, que subiram para 195,7 milhões de 156 milhões no ano anterior. A melhora nas taxas de performance foi ainda mais impressionante, de 132 milhões para 31,3. Azimute -3,9%. 

Não correu melhor para os bancos: Intesa -2,9%, Unicredit -2,1%, MontePaschi -3,9%. Banco Popolare e Pop.Milano perdem 3,6%.

CONTAS ENI MELHOR DO QUE O ESPERADO -1,5%

A queda também afetou a Eni -1,5%, que anunciou resultados melhores do que o esperado. Saipem (-2,2%) e Tenaris (-3,4%) estão piorando. Finalmente, uma queda acentuada para todas as concessionárias, começando pela Enel (-2,2%), com A2A caindo 2,8%, Snam -2,3%.

AMPLIFON APOIA A TENDÊNCIA

Amplifon subiu 1,03% ontem. Bernstein explicou que as contas do primeiro trimestre de 2015 mostraram "um crescimento excepcionalmente forte no volume de negócios" e, de fato, as receitas superaram ambas as expectativas de consenso.

Cerved down (-3,7%): Mediobanca Securities elevou o preço-alvo da ação de 6 para 7,8 euros, confirmando a recomendação de outperform.

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