O compromisso anual com o Festival de Economia começou em Trento. Nos próximos dias, grandes astros da economia nacional e internacional vão envolver o grande público no esforço de tornar a ciência conhecida por muitos como "triste" atraente. Durante o discurso inaugural, realizado no Castello del Buonconsiglio, o diretor científico do Festival, Tito Boeri, explicou como traçar os limites da liberdade econômica significa "desenhar o espaço dentro do qual os setores público e privado devem se mover". O tema é bastante atual se pensarmos na Grécia, que está revendo o plano de privatizações para aliviar a dívida pública; aos novos prefeitos eleitos em vários municípios italianos que devem decidir como administrar suas despesas e quais são os setores prioritários; ao papel do Banco Central Europeu, que iniciará uma nova fase com a chegada de Mario Draghi ao topo; ao debate sobre a privatização da gestão da água.
Mas a liberdade econômica, lembra Boeri citando Amartya Sen, deve ser efetiva e deve haver condições que a tornem assim: a legalidade, a presença de normas sociais, a possibilidade de poder escolher quando quiser. Segundo o reitor da Universidade de Trento, Innocenzo Cipolletta, “é necessário integrar a análise econômica com outras disciplinas”. As instituições de ensino e pesquisa têm papel fundamental nesse campo e devem promover a multidisciplinaridade. Por isso, os economistas serão confrontados com outros pontos de vista e outras disciplinas: da política à sociologia, da ecologia às ciências naturais. Corrado Passera, CEO do Intesa SanPaolo, patrocinador histórico do festival, disse que termos como "limites", "barreiras", "delimitações" costumam ser usados de maneira ambígua. Neste caso é correto falar de “fronteira” porque indica uma linha de demarcação aberta, reconhece que existe uma realidade alternativa do outro lado e que deve ser respeitada. Durante o Festival, portanto, serão discutidas as relações entre os setores público e privado, entre lucrativos e não lucrativos (que é um setor de dimensões significativas para o nosso país), entre empresas e universidades, entre consumidores e produtores.
Os limites na prática são as leis que regem essas dicotomias. As normas não devem ser limites, devem facilitar a colaboração e o diálogo. “Agora sabemos que a economia precisa de regras – acrescentou Passera – não podemos mais nos esconder atrás da ideia de que fazendo o que queremos podemos alcançar o bem de todos.” No entanto, estamos passando por uma fase de produção de regras infinitas que devem ser cuidadosamente analisadas e que podem ter o efeito contrário ao desejado. Em suma, este ano estudiosos de diferentes países, orientações e escolas de pensamento buscarão o diálogo para avaliar a quantidade certa de leis capazes de levar ao crescimento econômica, financeira e socialmente sustentável. (cc)