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Brasil: rico ficando mais rico e pobre cada vez mais pobre. As desigualdades económicas estão a crescer

Um livro recente de um académico da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, revela como as disparidades fiscais e de rendimento no país sul-americano são cada vez mais agudas: metade do crescimento do PIB acaba nos 5% mais ricos. Mas a solução não é a patrimonial

Brasil: rico ficando mais rico e pobre cada vez mais pobre. As desigualdades económicas estão a crescer

Uma das questões cada vez mais centrais e atuais na economia atual é a distribuição da riqueza. Ou melhor ainda, o desigualdades econômicas, que são cada vez mais acentuadas na Europa, mas ainda mais nas áreas mais recentemente desenvolvidas do planeta. Economistas de todo o mundo se questionam e discutem periodicamente esse aspecto muitas vezes negligenciado pelas políticas governamentais, que no máximo oferecem soluções de curto prazo, se não acabarem sequer por ampliar o fosso entre os poucos cada vez mais rico e cada vez mais pobre: uma classe média cada vez menor, em favor do aumento da pobreza nas classes mais baixas. É conhecido por muitos Estudo da Oxfam segundo o qual o 1% mais rico detém praticamente metade da riqueza líquida global. Mas isto não é tudo: desde 2020, o 1% rico da população acumulou quase dois terços de toda a nova riqueza mundial. E até mesmo em Itália, historicamente um país com baixo índice de Gini, hoje os 5% mais ricos possuem mais do que os 80% mais pobres. 

Desigualdades econômicas: o caso do Brasil

Um exemplo disso é o da América do Sul e em particular do Brasil, a principal economia da região e um país com mais de 200 milhões de habitantes, dos quais 70 milhões, segundo a ONU, nem sequer têm acesso garantido aos alimentos. De acordo com o último trabalho do professor brasileiro da Universidade Columbia, em Nova York, Marcelo medeiros, por título "Os ricos e os pobres: O Brasil e a desigualdade”(Companhia das Letras), no gigante latino-americano metade do crescimento do PIB acaba nas mãos dos 5% mais ricos da população. Mas há outros dados ainda mais significativos: no Brasil 80% da população tem um rendimento considerado baixo, e 50% dos adultos do país ganham menos de 14 mil reais por ano, o equivalente a menos de 3.000 euros. O 1% mais rico é antes um pequeno grupo de 1,5 milhões de pessoas que ganham pelo menos o equivalente a 70 mil euros por ano: destes, cerca de meio milhão são milionários, que duplicaram entre 2021 e 2022 fazendo o Brasil, segundo o Global Credit Suisse's Wealth Relatório 2023, o primeiro país do mundo com aumento de Scrooges. 

Brasil: a desigualdade também está nos impostos

O economista Medeiros nota então que a desigualdade está presente não só ao nível do rendimento, mas também da tributação, sempre em detrimento dos grupos mais baixos: “Os trabalhadores empregados, por exemplo, tendem a pagar impostos mais elevados do que os profissionais ou investidores independentes”. Como resolver esta anomalia? Não é simples e isso não significa que seja contribuição predial que também se fala muito na Europa é a solução certa. Por uma razão: os 10% mais ricos são um grupo muito heterogéneo, onde existem ultramilionários, mas também pessoas com rendimentos médio-altos, apenas quatro vezes superiores aos dos 50% menos ricos. “Os 10% mais ricos – explica Medeiros – são os que têm mais desigualdade dentro dele, é um grupo muito heterogêneo”. É por isso que a tributação destas fortunas, em níveis muito diferentes, também deve ser diversificada. 

“É um problema incrivelmente difícil, vai demorar muito, vai mobilizar um capital político monstruoso, porque, em última análise, não é possível criar um país menos desigual apenas com um conjunto isolado de fatores. É muito importante, antes de tudo, insistir na progressividade da tributação, o que deve ser racionalizado porque não podemos colocar as pessoas do 1% mais rico no mesmo nível das do grupo dos 5% ou das do grupo dos 10%. Precisamos estar atentos a isso”, sugeriu o professor brasileiro ao apresentar seu livro.

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