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Bolsas da América Latina: Argentina sobe apesar da inflação recorde, Lula não aquece Brasil, México está em alta

O pesadelo da inflação perturba muito mais os mercados do que a volta da esquerda ao poder e a despedida do presidente argentino Alberto Fernandez drogam ainda mais a Bolsa de Buenos Aires

Bolsas da América Latina: Argentina sobe apesar da inflação recorde, Lula não aquece Brasil, México está em alta

L'América latina está – como quase sempre – numa fase de grande efervescência política, col retorno da esquerda ao poder na maioria dos países nos últimos anos (embora no Paraguai os conservadores tenham acabado de vencer e no Peru o sindicalista Castillo já tenha sido demitido) e dois eventos em particular marcam 2023: o retorno de Lula no comando do Brasil e l 'despedida do presidente argentino Alberto Fernandez, que já anunciou que não voltará a concorrer às eleições do próximo outono. E do ponto de vista financeiro, no entanto, qual foi o resposta do mercado em todos esses eventos no primeiro trimestre do ano? As bolsas das principais economias da região não registram solavancos particulares, a não ser o paradoxo da bolsa de Buenos Aires que, enquanto o país desmorona, continua o rali iniciado no ano passado.

Brasil: lua de mel termina com Lula, Bovespa -5% desde o início do ano

Comecemos pela principal economia do continente, que também possui o índice bolsista com maior valor de capitalização: o Brasil. Embora os mercados pressionassem pelo retorno do ex-presidente Lula, a lua de mel não durou muito, demonstrando de fato que a prioridade era acima de tudo matar Bolsonaro: líndice Bovespa de São Paulo havia começado a crescer em janeiro, logo após a posse do líder socialista (e apesar do dramático ataque às instituições de Brasília em 8 de janeiro), porém esbarrando em um fase de baixa em março, do qual se recuperou apenas parcialmente nas últimas semanas. A tendência neste início de maio é de baixa novamente (o saldo de 2 de janeiro diz -5%): os mercados temem especialmente o políticas muito expansivas promessas e em parte já implementadas por Lula, assim como o crescimento que recomeça em câmera lenta e sobretudo o grande bicho-papão do'Sinflação, acompanhada do já em curso embate entre o governo e o Banco Central do Brasil, acusado de atrasar o corte do taxa de juros.

Na verdade, estes últimos ainda são elevados, acima de 13%, embora inflação caiu abaixo de 5% em abril depois de dois anos, e de acordo com analistas, poderia voltar a subir, mas não além de 6%. Os próprios analistas, assim como o próprio presidente Lula (que discute isso quase todos os dias) e grande parte do mundo empresarial, clamam por o banco central corta as taxas: as previsões consensuais são de queda em torno de 12%, mas por enquanto a instituição financeira (que pertence ao Ministério da Fazenda e ainda inclui os membros indicados por Bolsonaro) resiste, reivindicando sua autonomia em relação à agenda política. Nesse cenário, o Brasil luta para encontrar o caminho do crescimento: a expectativa de Aumento do PIB em 2023 é de apenas 1%, subindo muito ligeiramente em comparação com a previsão de +0,8% no início do ano.

Enquanto isso, a economia do Brasil está se tornando cada vez mais ligada aoagronegócio (que hoje representa 25% das exportações, ante 6,6% em 2002, ano do início do primeiro governo Lula) e, portanto, para China, que despeja investimentos em energia e infraestrutura em troca da tão preciosa soja e também de carne bovina e outras matérias-primas. 

Quanto à bolsa, nesta primeira janela de 2023 os bancos aguentaram-se bem, apesar do Falência ao estilo da Parmalat da rede de hipermercados Lojas Americanas, que se temia um efeito dominó que arrastaria as instituições de crédito para uma crise. Em vez disso, os títulos bancários estão entre os melhores e o crédito também tem sido compartilhado, na verdade apenas por instituições públicas, como o Banco do Brasil. No entanto, deve-se notar o fracasso do IPO no período da pandemia: das 65 empresas listadas entre 2020 e 2021, muitas das quais atuam no setor de tecnologia, apenas 10 estão em ascensão, e várias delas perderam mais de 80%. A culpa, segundo especialistas, é mais uma vez os juros altos demais.

Argentina: inflação de três dígitos, mas bolsa voa

A situação na Argentina ainda é muito difícil. Após a ideia bizarra, já datada e cancelada várias vezes, de criar um moeda única de troca com o Brasil, Buenos Aires não consegue se livrar dapesadelo da inflação, que registrou recorde histórico em 2022, igualando os níveis alarmantes do início dos anos 2000, quando houve a famosa crise de corralito. Anualmente, hoje, o número sobe para três dígitos: 102,5%, os preços ao consumidor praticamente mais que dobraram em relação ao cenário já dramático de 12 meses atrás. Tudo enquanto o taxa de pobreza ultrapassou os 40% e o país continua a viver a duas velocidades: quem pode ver o seu salário ajustado à inflação, como os funcionários públicos, ainda consegue sustentar o consumo interno e até crescimento do PIB, que em 2022 subiu 5,2%, ainda que em 2023, segundo as estimativas do FMI, seja fixado em 0,2%, antes de voltar a subir para 2% em 2024.

La Bolsa de Valores de Buenos Aires porém começou 2023 bem, com um crescimento de 39%, na sequência de um 2022 já muito brilhante, mesmo que olhando mais de perto eu'Índice de Merval fechou o último ano-calendário ainda 69% abaixo dos valores de 2018. No último período, porém, a Argentina, assim como o Chile, se beneficiou do boom de commodities devido à guerra na Ucrânia: os dois países, assim como o Brasil, são grandes exportadores de matérias-primas e, de fato, os estoques de mineração e energia subiram mais que os outros. Não se pode excluir que a tendência de alta da Bolsa de Valores de Buenos Aires também se deva aoagora certa despedida do presidente Alberto Fernandez, que não concorrerá novamente em outubro: sua popularidade está em baixa e suas políticas populistas nunca foram apreciadas pela comunidade financeira, que aposta, portanto, no retorno dos liberais ao governo.

México e Chile: +8% para a bolsa mexicana, enquanto a de Santiago é igual

La Bolsa de Valores da Cidade do México, que entre 2015 e 2016 havia até superado a de São Paulo em capitalização, firmando-se temporariamente como a maior da América Latina, ganhou cerca de 8% desde o início do ano, apesar de uma queda em março e sentimentos ruins sobre o políticas decididamente muito austeras do presidente Andrés Manuel López Obrador, que também tentou com um golpe de Estado mudar a Constituição para se candidatar novamente nas eleições do próximo ano, colocando em risco a estabilidade democrática do país. O referendo pelo qual tentou contornar a sua inelegibilidade não passou, mas está a contrariar a prática forçando a nomeação de seu sucessor, para dar continuidade ao seu poder.

Por outro lado, o primeiro trimestre encerra essencialmente em paridade a Bolsa de Valores de Santiago do Chile, que em geral continuou sua tendência ascendente desde a juventude socialista Gabriel Boric. Apesar das dificuldades desta última, sobretudo após a rejeição do referendo que deveria aprovar a nova Constituição, o mercado continua a dar confiança em um país em expansão e com grande potencial, que saiu bem da pandemia (PIB +2,3% em 2022), ainda que para 2023 o FMI preveja um abrandamento para -1,3%. No entanto, este valor é corrigido para melhor em comparação com a previsão anterior de -1,9%. Eaté 2024 a economia chilena deve voltar a crescer pelo menos 2,5%.

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