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ACONTECEU HOJE – 25 de abril, Dia da Libertação mas cheio de feridas

25 de abril de 1945 foi o dia da libertação do fascismo e do renascimento democrático da Itália, mas é uma celebração que muitas vezes dividiu o país como a guerra mundial e a guerra civil o dividiram - Aqui contamos a emblemática e amarga história de um Família bolonhesa em que a guerra involuntariamente dividiu dois irmãos e deixou venenos por muitos anos

ACONTECEU HOJE – 25 de abril, Dia da Libertação mas cheio de feridas

Il 25 Abril do 1945 o apelo à insurreição armada na cidade de Milano, quartel-general do comando partidário. Por isso esse dia foi escolhido pelo Comitê de Libertação Nacional como Dia da Libertação. Este partido ainda é divisivo. Se é grave a responsabilidade de quem se recusa a reconhecer o renascimento da Itália como grande nação livre e democrática nessa data, é igualmente grave ver a Resistência brandida - infelizmente acontece todos os anos - como um porrete; como se certas forças políticas tivessem a prerrogativa de reconhecer ou não pleno direito de cidadania a outras forças políticas “filhas de um Deus menor”, ​​apesar de legitimadas pelo voto e de terem aceitado os valores da competição democrática.

Depois de tantos anos, porém, deve-se ter a coragem de dizer toda a verdade, enquadrando-a no difícil e cruel contexto daqueles tempos. A ferocidade não foi unilateral e não esgotou em abril de 1945 ou logo depois. O fato de os vencedores (aqueles que costumam escrever a história) estarem, felizmente, do lado certo não autoriza ninguém a negar - como vem acontecendo há muito tempo - qualquer compreensão e pena daqueles que escolheram o lado naqueles anos conturbados. . Naquela época, era muito difícil para os jovens terem ideias claras, entender o que estava acontecendo ao seu redor. Tais decisões sérias, como hipotecar o destino das pessoas, muitas vezes dependiam de circunstâncias contingentes. Aliás, por acaso.

A história (felizmente não sangrenta) que quero contar é a de dois irmãos, Antonio e Bruno, ambos nascidos em uma cidade da planície bolonhesa (Granarolo dell'Emilia), condenados pela guerra a tornam-se formalmente inimigos. A primeira, a maior (de 1911), havia combatido, em infantaria, todas as guerras do fascismo. O segundo (de 1920) foi alistado em Marina. Os dois irmãos – o que mais eles poderiam fazer? – eles eram fascistas, no sentido de que não eram antifascistas, como a grande maioria dos italianos. Em 8 de setembro de 1943, ele capturou Antonio na Iugoslávia, com o posto de sargento intendente; Bruno estava embarcado, como subchefe do operador de torpedos, no contratorpedeiro Centauro que navegava no Mediterrâneo.

Anthony, juntamente com sua empresa, viu-se enquadrado na República Social. As tropas italianas, naquele tabuleiro de xadrez, praticamente não tiveram alternativas, a não ser terminar como os caídos de Cefalônia ou juntar-se aos guerrilheiros de Tito, com a certeza de serem fuzilados. Tanto ex-amigos quanto ex-inimigos não seriam generosos em tais situações. Sob a orientação de um bom capitão, muito estimado pelos seus soldados, a companhia de António escondeu-se na retaguarda alemã, retirou-se com eles até que, ao chegarem à Áustria, conseguiram render-se aos ingleses.

Bruno, em vez disso, foi inserido no Exército Badogliano, nos Batalhões San Marco, lutou com os aliados, subindo a península, até participar da Libertação de Bolonha. Imediatamente após a guerra, a família do irmão mais velho mudou-se para Bolonha, onde Antonio poderia passar despercebido. Na aldeia o ar tornou-se pesado (tanto que foi expurgado do local de trabalho), mas Antonio pôde contar com a ajuda e proteção de parentes e amigos, inclusive com a solidariedade ativa de seu irmão Bruno. Infelizmente, foi dispensado sem que lhe fosse atribuída a promoção a que tinha direito (na prática foi punido) e os anos de guerra não foram reconhecidos para efeitos de reforma.

Depois de tudo Antonio mandou bem. Após os primeiros períodos difíceis, quando a legalidade foi restabelecida graças à vitória das forças democráticas em 1948, ele foi autorizado a retornar à sua aldeia natal aos domingos para visitar grande parte de sua família que ali vivia. Mas os venenos permaneceram. No final dos anos sessenta, filho de antonio (que entretanto falecera prematuramente em 1965) deslocou-se à vila da planície bolonhesa para participar num debate, representando o PSI (partido de que era filiado), mas teve de enfrentar o desafio de um pequeno grupo de pessoas que o acusaram de ser"filho de um fascista".

Antonio e Bruno estão descansando em paz há muito tempo. O ódio à política (do qual eram culpados) nunca enfraqueceu o amor fraternal que os unia. Antonio era meu pai; Bruno meu tio. Eu, que fui socialista e antifascista toda a minha vida, como quase todos os membros da família, há muito considero aquela colocação (forçada) de meu pai no campo dos vencidos como um pecado original, para ser escondido até de mim. Covardia da qual me arrependi, pois respeitava e amava muito meu pai, que me deixou quando eu tinha apenas 24 anos. Desde então, dificilmente houve um único dia – incluindo 25 de abril – em que eu não pensasse nele.

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