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Referendo: SIM distancia Itália da Europa

Carta-manifesto dos federalistas europeus explicando as razões do seu NÃO - "O principal caminho para a reforma constitucional é a transformação do Senado em Senado federal"

Referendo: SIM distancia Itália da Europa

Recebemos e publicamos com prazer esta carta-manifesto assinada por Pier Virgilio Dastoli, Roberto Della Seta, Sandro Gozi, Alberto Majocchi, Silvano Marseglia e Paolo Ponzano que explica as razões do NÃO em chave federalista e europeia.

“A lei constitucional da redução do número de parlamentares não se insere no quadro da reforma do Estado que visa tornar o trabalho parlamentar mais transparente e eficiente e deixa em aberto a questão – essencial – da revisão da lei eleitoral. Acima de tudo, não faz parte de um quadro de reforma constitucional destinado a aproximar a Itália da Europa, e cidadãos e autoridades locais às instituições democráticas.

Itália, na véspera da apresentação do plano nacional destinado a utilizar os fundos disponibilizados através de todas as medidas decididas pela União Europeia para responder às consequências da pandemia (UE de próxima geração e Fundo Europeu de Recuperação, SURE, ESM, BEI, BCE…), deve demonstrar que sabe reduzir os custos de funcionamento da máquina legislativa e burocrática e, sobretudo, que sabe aumentar a celeridade do processo decisório, também através de alterações substanciais na dupla passagem parlamentar. Mas estes resultados só podem ser alcançados e tornados compreensíveis para a opinião pública se forem inseridos num quadro de amplas reformas constitucionais das instituições parlamentares e de uma nova lei eleitoral.

O principal caminho é a transformação do atual Senado em Senado Federal o que implica uma atualização das relações entre o Estado e as Regiões e do papel das Autarquias Locais e em particular das cidades metropolitanas. Uma reforma do Senado nesse sentido pode trilhar o caminho de um representação igualitária das regiões (por exemplo, 2 para cada região, como é o caso do Senado americano que levaria a um Senado de 40/42 senadores que deveriam ser eleitos por sufrágio direto em cada região), ou um sistema de representação proporcional à população, conforme planejado para o Bundesrat Alemão (um Senado composto por cerca de 70 senadores que, no caso alemão, porém, representam os governos dos Laender). 

Levaria a uma redução significativa do número de senadores, aos quais se acrescentariam senadores vitalícios e de direito, aproximando-se dos números previstos pela Lei Constitucional (de 275 para 245 parlamentares a menos, dependendo do caminho seguido). Um projeto de reforma deste tipo, incluído no plano que o governo deve apresentar à UE, manteria o compromisso de reduzir o número de parlamentares, com as respectivas poupanças, mas salvaguardaria o actual nível de representação democrática para a Câmara dos Deputados, abrindo caminho para a participação dos entes territoriais no Senado. 

La transição energética e ambiental, para ter sucesso, como demonstra a carta que 60 autarcas europeus enviou à Comissão Europeia no passado mês de Fevereiro, requer o envolvimento das autoridades locais, com a sua responsabilidade. 

Por último, se é verdade que a reforma constitucional aqui prevista terá de enfrentar passagens difíceis, também é verdade que um país que se diz gerir prudentemente os fundos europeus e não consegue concretizar rapidamente uma reforma que é também uma das condições para gastá-los da melhor maneira possível.

Com esta proposta colocada numa perspetiva europeia, uma vitória do “não” no referendo abriria caminho a uma reforma constitucional mais ampla e seria um importante contributo para a perspetiva de uma Itália federal numa Europa federal”.

Sobre o mesmo tema, leia também as intervenções de  Frank LocatelliErnesto Auci, Bruno TabacciCipolletta inocente, Giuliano CazzolaPietro Di Muccio de Quattro e Andrea Pisaneschi.

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