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BRICS: Vietnã, principal aliado de Pequim contra tarifas, também adere

O país asiático é uma das economias que mais crescem no mundo e está oferecendo um impulso decisivo à China em sua postura anti-EUA: foi admitido no clube dos antigos países emergentes como parceiro, juntamente com Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.

BRICS: Vietnã, principal aliado de Pequim contra tarifas, também adere

A campanha de compras dos BRICS, os antigos países emergentes que agora são um grande grupo de países com peso econômico e geopolítico cada vez maior, continua em ritmo acelerado. O mais recente "golpe" é a adesão oficial do Vietnã, anunciada recentemente pelo membro que ocupa a presidência rotativa este ano, ou seja, o Brasil, que sediará a cúpula anual em algumas semanas no Rio de Janeiro. A entrada do país do Sudeste Asiático no clube dos "outros", ou seja, o eixo antiocidental cada vez maior que agora vale pelo menos 40% do PIB global, mais do que o G7, não é pouca coisa: o Vietnã tem uma população de quase 100 milhões e é um membro estável do G20, ou seja, está entre os vinte países mais industrializados do planeta, com uma economia que cresce em ritmo rápido e sustentado (+7% em 2024, superando as expectativas do próprio governo).

Erradicação da Pobreza e Desenvolvimento Sustentável

Hanói também fez progressos significativos na redução da pobreza nas últimas décadas, elevando a porcentagem da população vivendo na pobreza de 58,1% em 1992 para 4,8% em 2020, e agora se consolidou como um dos principais produtores mundiais de arroz e outros produtos agrícolas, como café, borracha e chá, além de um dos mais comprometidos em propor o desenvolvimento sustentável, por meio de investimentos em tecnologia e, em particular, no hidrogênio como fonte de energia alternativa e limpa. Mas, acima de tudo, a adesão do Vietnã ao BRICS consolida a aliança com a China em uma função anti-EUA: para contornar as tarifas muito pesadas anunciadas por Washington, além de tentar desacelerá-las por meio de acordos trabalhosos e incertos com a Casa Branca, Pequim imediatamente recorreu ao seu parceiro asiático, colocando em prática o chamado "transbordo comercial", ou seja, a passagem de mercadorias destinadas ao Ocidente pelo Vietnã, para evitar as tarifas.

O eixo com Pequim

A medida irritou bastante os Estados Unidos, a ponto de Peter Navarro, um dos principais assessores de Donald Trump, chamar o Vietnã de "colônia da China". Entre os dois litigantes, porém, o terceiro se beneficia, e a guerra comercial está beneficiando muito Hanói, que agora ostenta um superávit comercial com os EUA de 123,5 bilhões de dólares, enquanto sete anos atrás não chegava a 40 bilhões. "Não há vencedores em guerras comerciais", disse o presidente chinês Xi Jinping em abril, quando Washington anunciou tarifas de 145% sobre produtos de Pequim. Mas se você não pode vencer, não perde, e por isso Xi voou para o Vietnã para garantir cerca de quarenta acordos estratégicos, em particular – coincidentemente – na cadeia de suprimentos. Hanói é talvez o principal polo industrial e logístico do Sudeste Asiático e representa o centro entre a China e os EUA: importa quase exclusivamente de Pequim e exporta quase exclusivamente para a América do Norte.

Entrando no “clube” antiocidental

Tanto que os dados quase coincidem: nos primeiros três meses deste ano, o Vietnã comprou 30 bilhões de dólares em mercadorias da China e vendeu 31,4 bilhões para os Estados Unidos. Hanói agora faz parte do BRICS, mas apenas como parceiro. Hoje, o BRICS passou dos cinco países que representavam a sigla da sigla (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para onze membros plenos, com a adição de Egito, Etiópia, Indonésia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Os parceiros são outros dez países "amigos": antes da nova entrada do Vietnã, Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão já haviam participado do clube. Se alguns desses países parecem pouco mais que exóticos, não se pode deixar de notar a olho nu o peso econômico de países como Indonésia (que dentro de 20 anos terá o quarto maior PIB do mundo), Egito e Nigéria. Sem falar no peso militar, com a recente entrada de outra potência nuclear como o Irã.

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